Estação Hoenheim-Nord, Zaha Hadid Architects | Estrasburgo
06/10/2024

Hoenheim-Nord é uma estação intermodal em Estrasburgo, que articula ônibus, Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), estacionamento de carros e de bicicletas. Ela é a última parada da linha B do VLT e também fica adjacente a uma estação de trem regional. Ela é situada no limite da cidade com a sua periferia. O objetivo do empreendimento era reduzir a quantidade de carros no centro da cidade. Ao oferecer um estacionamento, as pessoas que vivem na periferia podem vir de carro (ou de trem) até esse ponto e depois seguir viagem com o transporte público coletivo. O projeto foi desenvolvido pelo escritório Zaha Hadid architects, entre 1998 e 2001.

Estação Hoenheim-Nord
Vista da estação com os trilhos do VLT
VLT estacionado visto da plataforma, sob a cobertura

A estação é pequena, constituída por uma estrutura que se assemelha a uma imensa chapa de concreto dobrada, que emerge do piso, se torna parede e cobertura. É como um pórtico, demarcando a transição entre Estrasburgo e a zona rural. Há uma continuidade entre piso-parede-teto e não há dentro e fora – apenas um espaço contínuo. Devido ao pé-direito alto e à ausência de fechamentos laterais, a estação protege os usuários da chuva, mas não do vento.

Plataforma para embarque no ônibus
Pilares metálicos inclinados
Cobertura parece uma imensa chapa dobrada que surge do piso, vira parede e teto.

O material escolhido para a cobertura foi o concreto em estado bruto. Os desenhos das formas, deixados pelo processo de concretagem, permanecem aparentes, criando um ritmo e atribuindo uma textura à superfície. No teto, aberturas zenitais de seção retangular permitem a entrada de luz natural. Pontos de luz artificial embutidas na laje possuem as mesmas formas e dimensões dos rasgos. O desenho alterna pontos de entrada de luz natural e artificial.

Aberturas zenitais de seção retangular permitem a entrada de luz natural

O projeto segue o desenho desconstrutivista, caraterístico da arquitetura de Zaha. As paredes e os pilares metálicos são inclinados, porém nunca paralelos entre si. A distribuição desigual dos pilares, concentrados em certos pontos e espaçados em outros, sugere que nem todos os pilares têm uma função estrutural – a disposição segue também uma escolha estética. As linhas não são paralelas, mas formam angulos agudos, como se estivessem convergindo. O conceito aqui era transmitir um dinamismo, uma referência ao movimento do fluxo dos transportes e ao campo magnético. O conceito se manifesta em todos os elementos do projeto – até nos bancos e nas grelhas do piso.

Mobiliário segue o conceito do projeto
Todos os elementos do projeto seguem o mesmo conceito
Os postes do estacionamento também são inclinados.

Visitar o projeto, construído há mais de 20 anos, revela alguns problemas de manutenção. Parte do concreto aparente se encontrava manchado pelas intempéries ao longo do tempo. Nas aberturas laterais, era possível avistar onde a água da chuva escorria. No piso sob essas aberturas, foi possível observar a presença de musgo. Isso é um exemplo de como a interferência do arquiteto sobre o resultado é limitado e como a manutenção ao longo do tempo é essencial.

Manchas deixadas pela chuva na estrutura de concreto
Musgo no piso
Musgo no piso

O movimento do concreto ao longo do tempo também gerou deformações na laje de cobertura.

É possível observar deformações resultantes do movimento do concreto ao longo dos anos
É possível observar deformações resultantes do movimento do concreto ao longo dos anos

Nas imagens aéreas originais do projeto, dá para ver uma pintura branca na cobertura que continuava no piso do estacionamento. Uma forma dinâmica, como uma flecha ou uma pincelada. Infelizmente, a pintura branca do piso parece ter sido apagada e coberta pelo tempo. Não encontrei vestígios desse desnho no local.

Aerial photography – Roger Rothan. Fonte: Hoenheim-Nord Terminus and Car Park – Zaha Hadid Architects (zaha-hadid.com)

Ainda assim, as belas formas do projeto original persistem e é fascinante descobrir os diferentes pontos de vista ao caminhar em volta do conjunto.

Estação Hoenheim-Nord

Esse não foi o único projeto de estação de transporte público coletivo que levou uma comissão de uma artista ou arquiteta renomada. Outro exemplo é a obra Barbara Kruger, instalada na parada da linha A do VLT, na estação de trem principal de Estrasburgo. Uma iniciativa para associar artistas às obras das estações. Algo semelhante está sendo feito nas estações do metrô Grand Paris Express, na capital francesa.

“A empatia pode mudar o mundo”, obra de arte de Barbara Kruger no metrô da estação central

Referências:

amc-archi.com , Acesso : 04/10/2024

zaha-hadid.com , Acesso : 06/10/2024