Escultura Aberta, Álvaro Siza Vieira | Leça do Balio
02/03/2025

Em junho de 2024, foi inaugurada a sede da Fundação Livraria Lello perto da cidade do Porto. O conjunto arquitetônico é composto pela Igreja e o Mosteiro Leça do Balio e a Escultura Aberta. O projeto de requalificação do Mosteiro e a Escultura Aberta levam a assinatura do arquiteto Álvaro Siza Vieira.

A Igreja Leça do Balio foi classificada como patrimônio nacional em 1910.
Mosteiro Leça do Balio que foi requalificado
A requalificação do mosteiro foi projetada por Álvaro Siza Vieira
Pátio interno criado na requalificação

Os espaços internos do Mosteiro foram transformados em galerias de exposição. Foram criados também uma recepção, uma loja e um pátio interno.

Recepção

A exposição inaugural chamava-se ‘Act the thought’, e tratava de temas como a desinformação. Além de apresentar as histórias de personalidades que lutaram pela liberdade de expressão, como Malala, Gilberto Gil, Ai Weiwei e Toni Morrison, a exposição contava também com uma instalação do artista francês JR.

Espaço de exposição
Exposição ‘Act the thought’ contava a história de personalidades como Gilberto Gil e Nelson Mandela.

Enquanto o Mosteiro data do período romano, a Escultura Aberta é uma construção contemporânea. Ela serve como um espaço contemplativo, um marco na passagem histórica de peregrinos do Caminho Português de Santiago de Compostela.

Escultura Aberta vista de fora

Construída em concreto branco, a Escultura Aberta contrasta com o Mosteiro e seus muros de pedra. Observamos a tradição e a modernidade lado a lado. Entretanto, a  escolha pelo concreto na cor branca proporciona maior harmonia ao conjunto.

Escultura Aberta vista de fora

Sua planta quadrada contém uma área de 400 m² delimitada por um muro ao longo de todo o perímetro. O acesso pode ser realizado por uma abertura em uma das esquinas. Este recorte da entrada emoldura a forma do fundo que surge por trás.

Ao dar apenas poucos passos em volta, é possível observar a mudança na composição atrás do pórtico. O percurso revela diferentes ângulos geométricos que variam conforme o caminhar.

Ao atravessar o pórtico, adentramos em um espaço encerrado lateralmente, porém descoberto. Um espaço de transição entre o dentro e fora – nem totalmente aberto, nem fechado. Aqui, é possível observar o desenho das sombras do muro externo projetadas nos muros internos. Ao longo do dia, a luz do sol gera novos desenhos na escultura.

Na diagonal oposta à entrada, temos a porta de entrada para o espaço interno. Entramos em um local escuro, em contraponto à claridade do exterior. Iluminações zenitais conciliadas pelo teto mais baixo oferecem uma entrada de luz natural difusa, que banha as paredes de concreto.

Porta de acesso ao espaço interno
Luz natural difusa banha as paredes de concreto
Aberturas no topo da Escultura para a entrada de luz

O ato de caminhar é de suma importância para a apreciação desta construção, algo ressaltado pela escultura “Viandante”, localizada no centro do espaço descoberto. A escultura em mármore possui 1,90m de altura e faz referência à peregrinação, enfatizando este espaço como um ponto de passagem e de viagem.

Semelhança da forma da escultura viandante e a escultura aberta.

O paisagismo do conjunto ficou por conta de Sidónio Pardal. Uma extensão dos jardins deve ser inaugurada neste ano de 2025.

Detalhes dos pedriscos na base da Escultura Aberta. Transição de materiais e texturas.
Paisagem do entorno emoldurada

Pela quantidade de fotos, é possível perceber que eu fiquei completamente absorta, deslumbrada pela construção e busquei capturá-la em seus múltiplos pontos de vista. Acho que a Escultura Aberta talvez fosse melhor registrada em filme, para mostrar a gentil transição da forma ao longo do dia e de acordo com caminhar do visitante.

Referências:

Fundação Livraria Lello

Divisare

Folha de São Paulo

Acessos em 28/02/2025.