A Cité du Vin é um centro cultural na cidade de Bordeaux que reúne uma série de atividades relacionadas ao vinho. Além de uma exposição permanente apresentando a história da bebida, os diferentes tipos de uvas e as regiões, o centro reúne também três restaurantes, espaços para eventos privados, palestras, lojas e até um bar com uma vista 360° na cobertura. A arquitetura foi desenvolvida pelo escritório francês XTU architects.
A Cité du Vin fica na beira do Garonne, um rio fundamental para a produção do vinho na região, que inclui nomes bem conhecidos como Médoc e Saint Emilion. Mais do que um vizinho, o Garonne foi também uma fonte de inspiração para o projeto. Segundo os arquitetos, a forma do edifício e as linhas da fachada fazem referência ao movimento de suas águas. O desenho dinâmico também se assemelha ao girar do vinho na taça. Eu pensei também no formato de um decanter, mas não encontrei nenhuma referência a isso.
A fachada é revestida por vidro serigrafado e chapas de alumínio que conferem um brilho a toda a superfície. As faixas douradas fazem referência novamente à Garonne, que aqui na região da cidade tem uma cor amarela. As superfícies espelhadas da cité refletem o rio, que por sua vez também espelha o museu. O objetivo foi criar um diálogo entre a construção e a natureza. O tom dourado também estabelece um vínculo com os edifícios históricos do centro de Bordeaux, cujas fachadas são compostas por pedras de tom amarelado.
Há duas entradas – uma voltada para o rio e outra diametralmente oposta, voltada para a cidade. É possível então atravessar o objeto no nível do térreo. O percurso interno foi pensado para que haja um fluxo contínuo, como o rio. A circulação vertical é feita através de uma escadaria ao redor de um vão central, onde há um jardim interno. A continuidade visual é garantida pelo uso do vidro.
De acordo com os autores do projeto, o percurso foi pensado de modo a ir gradualmente em direção à luz. As salas de exposição são mais fechadas mas há um contato com a luz natural na transição entre os pavimentos, por conta do jardim interno. À medida que subimos, o prédio vai se tornando mais transparente até chegar ao ápice no restaurante e no “belvedere”, o mirante do último andar.
Vendo de fora, é possível observar a parte opaca da fachada que recebe os espaços expositivos. Esse fechamento permite um maior controle sobre a luz artificial.
Outro projeto bem conhecido do XTU architects é o Pavilhão da França para a Expo de Milão em 2015. A malha de pórticos curvos em madeira, que eles usaram lá, foi novamente adotada aqui. Essa estrutura é aparente tanto nas fachadas quanto nos espaços de exposição.
O acesso à Cité, a partir do centro de Bordeaux, é bem fácil e pode ser feito pelo sistema de tram da cidade.