A Itália recebeu este ano a Exposição Universal, um evento mundial que reúne diversos países. O tema desta edição foi “Feeding the Planet: Energy for Life”, e contou com mais de 140 participantes. Além de apresentar uma exposição dentro do tema, os países são convidados a construírem pavilhões próprios. Dado o caráter efêmero da maior parte das construções, o que encontramos são projetos ousados e inovadores. Mesmo que você não visite todas as exposições, só de ver a arquitetura dos pavilhões já é uma experiência fascinante.
Inaugurada no dia 1 de Maio, a mostra segue até 31 de Outubro. Nesta edição eram esperados mais de 20 milhões de visitantes, podendo chegar a um máximo de 250 mil por dia. Considerando esses números, não é de se espantar a imensidão das filas. Tentei visitar o pavilhão do Japão, um dos mais cobiçados do evento. Cheguei lá às 9 da manhã e, ao alcançar o pavilhão japonês, o tempo de duração da fila de espera já era mais de 7 horas(!). Como só estive um dia no evento, não quis perder tempo em filas longas demais e organizei o meu percurso para conseguir ver o maior número de pavilhões interessantes possível. Apresento aqui um resumo de alguns que visitei:
Pavilhão da Rússia
Nossa primeira parada. O pavilhão russo, projetado pelo escritório SPEECH, apresentava um projeto imponente, cuja forma mais se assemelhava a de um barco. Por baixo de uma gigantesca estrutura em balanço foi aplicado um material metálico altamente reflexivo que permitia às pessoas se verem espelhadas no teto antes de entrar na exposição. Nas laterais, uma composição de ripas de madeira.
O pavilhão da Rússia. o material reflexivo por baixo da cobertura em balanço permitia que as pessoas se vissem enquanto esperavam na fila para entrar
Pavilhão do Marrocos
O pavilhão marroquino foi projetado pelo OUALALOU+CHOI. O projeto praticamente nos transfere para a ambiência dos desertos do Marrocos. O projeto tira partido da cor e textura terrosa do adobe em sua composição. Há rasgos que permitem a entrada de luz pontualmente, dando um toque especial para o espaço interno.
Pavilhão dos Estados Unidos
O pavilhão dos Estados Unidos é um projeto de James Biber. O acesso e os espaços internos foram concebidos considerando um grande número de visitantes. Com isso, não pegamos fila alguma e conseguimos entrar direto. Além dos espaços amplos, o projeto do pavilhão apresentava uma imensa horta vertical na sua fachada lateral. As hortas foram plantadas sobre painéis que se movimentavam, abrindo e fechando repetidamente. Um espetáculo.
Pavilhão da França
Este foi o meu pavilhão preferido. Por se tratar de uma estrutura temporária, os autores do projeto – o escritório Studio X-TU, em parceria com o Studio ALN Atelien Architecture e o Studio Adeline Rispal – utilizaram uma estrutura leve de madeira que pode ser facilmente montada e desmontada. A forma do edifício faz referência a elementos orgânicos enquanto a decoração interna (utilizando elementos como pratos, panelas, etc) remete aos tradicionais mercados franceses. A exposição complementava bem essa ambiência, falando sobre os atributos da dieta francesa (que recentemente tronou-se um patrimônio da unesco) e os avanços na agricultura do país.
Para finalizar a visita, na saída tinha uma autentica ‘boulangerie’ francesa que produzia e vendia baguettes, croissants e outras delícias típicas, trazendo o aroma do pão francês para o espaço.
Pavilhão do Reino Unido
Projetado pelo artista britânico Wolfgang Buttress, o pavilhão do Reino Unido falava sobre as abelhas, trazendo descobertas feitas em pesquisas conduzidas pela universidade de Nottingham Trent. Antes de adentrar o pavilhão, o visitante cruzava um jardim cuja planta reproduz a forma hexagonal característica das colmeias. Após essa primeira parte, adentramos uma sala que apresentava a pesquisa e em seguida subimos para entrar na grande instalação metálica que reproduz o ambiente da colmeia. No interior, pequenas luminárias se acendem alternadamente, reproduzindo os estímulos aos quais as abelhas são submetidas. O visitante é convidado a vivenciar sensorialmente o ambiente das abelhas.
Pavilhão do Brasil
Projeto resultado de uma parceria entre os escritórios Studio Arthur Casas e o Atelier Marko Brajovic. A estrutura metálica sustenta uma imensa rede sobre a qual os visitantes podem caminhar. O aspecto lúdico do pavilhão é um grande atrativo para os visitantes.
Histórico e edições passadas
A primeira edição da Exposição Universal aconteceu em 1851, em Londres. O objetivo sempre foi de promover uma troca cultural e científica entre nações, além da criação artística e arquitetônica. A intenção é deixar legados para as cidades que sediam o evento, como foi o caso da Torre Eiffel, em Paris (construído para a Expo de 1889), e o Atomium em Bruxelas (1958), entre outros.
A Expo reúne nações em uma preocupação com o futuro da humanidade, algo que se reflete nas escolhas dos temas. Trata-se de um encontro de paz onde cada país traz o que tem de melhor e há uma troca visando o bem comum.
A Expo reúne nações em uma preocupação com o futuro da humanidade, algo que se reflete nas escolhas dos temas. Trata-se de um encontro de paz onde cada país traz o que tem de melhor e há uma troca visando o bem comum.