Passamos apenas um dia na capital grega mas deu para ver bastante coisa. Apesar da grande quantidade de sítios históricos, a maioria destes está agrupada no entorno da Acrópole, então dá pra ir andando de um ponto para o outro. Foi cansativo (andamos aproximadamente 7 quilômetros) mas muito proveitoso. Aqui apresento um destaque de o que visitar em Atenas.
Acrópole de Atenas
Para essa visita, recomendo chegar cedo. O sítio arqueológico abre às 8 horas e 8 em ponto nós já estávamos na fila da bilheteria. Já tinha bastante gente mas quanto mais tarde se chega, mais lotado fica. Outro motivo para chegar cedo é o calor. Quase não há sombra na acrópole então vale ir cedo por ser um pouco mais fresco. Nos meses de verão (principalmente Julho e Agosto) a temperatura chega a ficar tão alta que a acrópole fecha pelo dia.
A acrópole tem mais de um acesso, em lados opostos do morro. Na subida, avistamos algumas ruínas de construções como anfiteatros. Já as principais construções estão no topo do morro. Entre esses os templos de Athena Nike, o Erecteion e o mais impressionante deles – o Parthenon.
A Perfeição do Parthenon
Construído entre os anos 447-438 A.C. em homenagem à deusa Athena Parthanos (Virgem Athena), o Parthenon é um ícone clássico da arquitetura. Construído inteiramente em mármore branco, este exemplar da ordem dórica de planta retangular inclui colunas nas suas quatro fachadas – 8 colunas nas fachadas leste e oeste e 17 nas fachadas norte e sul. Há ainda uma segunda colunata interna, somente nas fachadas leste e oeste, com 6 colunas cada, gerando uma espécie de vestíbulo nas entradas do templo.
Além de seguir a proporção áurea, a perfeição do Parthenon está nos detalhes do seu desenho: Para contrapôr uma distorção natural, uma ilusão de ótica criada pela visão humana, a distância entre as colunas não é sempre a mesma, a seção das colunas é mais larga no meio e mais fina próximo ao topo e as colunas também são levemente inclinadas para dentro. Seguindo esta mesma lógica, as colunas das esquinas são levemente mais grossas que as demais, para não parecerem mais finas que as outras quando avistadas de um ângulo com o céu ao fundo.
O Parthenon foi transformado em igreja no século 5 D.C. e depois em uma mesquita no século 15, após a ocupação dos turcos. A construção original sofreu consecutivas destruições (pelos turcos e pelos venezianos) e portanto o que está aberto hoje à visitação é o resultado de uma reconstrução fiel. No século 19, grande parte dos ornamentos encontrados nas escavações foram cedidos a museus internacionais como o Louvre, em Paris, e o British Museum em Londres.
Erecteion
Ao lado do Parthenon, encontramos o Erecteion, também construído em homenagem à Athena e ao deus Poseidon. Na fachada norte, as famosas Cariátides, colunas que assumem a forma de mulher. Este templo, construído entre os anos 421-406 A.C., pertence à ordem jônica, o que pode ser notado pelo ornamento curvo no capitel.
A Ágora de Atenas
A Ágora (termo derivado do grego que significa “local de reunião”) era um grande espaço aberto, como uma praça, que funcionava como o centro cívico da cidade. Situada na cidade baixa, nas proximidades da acrópole, a ágora, também reconhecida como ‘o mercado central’, servia de palco para os principais encontros, debates políticos e discussões filosóficas da época. Sua importância era tamanha que foi reconhecida como um espaço fundamental para a configuração da democracia.
A composição da Ágora de Atenas foi se alterando ao longo dos séculos, em função das diferentes ocupações e trocas de regimes. Porém o local sempre reuniu importantes edifícios com funções públicas. Entre esses estava a Stoá de Átalo (as stoás, ou pórticos, eram originalmente construídos para servir de abrigo contra o sol e a chuva). Apesar de ser um espaço semi-aberto, com uma colunata na lateral para o centro da ágora, a Stoá incluía também núcleos fechados, o que conferia privacidade aos seus ocupantes. Isso contribuiu para que a Stoá de Átalo se transformasse em um núcleo de discussões, tanto para assuntos públicos quanto para particulares. As stoás também permitiam a instalação de lojas improvisadas. Com essa diversidade de usos, é válido considerar a stoá como um ponto hierárquico na Ágora.
Hoje em dia, não sobrou muito das construções originais. Além da Stoá, há ainda o Templo de Hefesto, ou Theseion, um local de adoração e ofertas.
O novo museu da Acrópole, de Bernard Tschumi
Ainda nesta região, há o novo museu da Acrópole, inaugurado em 2009. O projeto leva a assinatura do arquiteto suíço Bernard Tschumi, vencedor do concurso promovido no ano de 2001. Neste museu estão reunidos centenas de objetos encontrados em escavações. A entrada é demarcada por uma grande marquise que protege os visitantes e permite a visualização de escavações no subsolo. Ao entrar, o enorme saguão assume a forma de uma rampa, por onde se desenvolve o percurso expositivo de forma fluída e contínua. Além do espaço da exposição, o museu inclui também auditório, restaurante, loja e um centro de pesquisa arqueológica – onde arqueólogos ficam à disposição dos visitantes para tirar dúvidas. No último andar, há uma sala de exposição com uma vista 360, onde desfrutamos de uma das melhores vistas da acrópole e do restante da cidade. Este último andar tem a sua planta rotacionada, para que a sua fachada fique paralela à implantação da acrópole.
O projeto é deslumbrante. Me chamou atenção o fato de encontrarmos peças expostas não apenas nas paredes mas também nas outras superfícies, como o piso e o teto. O próprio subsolo do museu inclui vestígios de construções históricas que podem ser avistadas do térreo, graças ao piso de vidro. De fato, para preservar a entrada de luz natural e a continuidade visual entre pavimentos, o piso de vidro é um recurso recorrente no projeto.
Quando visitamos, o museu estava passando por uma reforma para que as descobertas do subsolo sejam eventualmente abertas também ao público. Por enquanto, só podemos avistar através dos vidros ou vãos do piso do térreo.
Com um museu tão moderno e um centro de pesquisa com uma tecnologia tão avançada, volta a pergunta sobre a posse dos objetos da acrópole, hoje espalhados por diferentes museus do mundo. O British Museum em Londres, em especial, reúne muitas peças de mármore tiradas do Parthenon. Na exposição, encontramos painéis com peças faltando e com placas no lugar dizendo “essa peça se encontra no British Museum”. A repatriação do patrimônio é uma discussão constante na Grécia. Em Milos, há uma campanha para o retorno da Vênus de Milo, atualmente em exposição no Louvre, em Paris. Igualmente, o Egito tem tentado repatriar a Rosetta Stone, que também se encontra no British Museum.
Restaurantes
No centro histórico, ao redor da ágora, há uma série de ruelas com opções simpáticas de bares e restaurantes. Dos que fomos e recomendamos: o Feedel e o Bar Borsalino. Se quiser algo mais elaborado, o hytra é excelente!