Apesar de este não ser o primeiro texto sobre um projeto do Álvaro Siza Vieira (o Museu Iberê Camargo já foi assunto aqui no blog) a Fundação Serralves é um projeto anterior. Localizada no Porto, a Fundação é parada obrigatória para quem estiver visitando a cidade.
A Fundação Serralves está localizada em um terreno com uma área de 18 hectares e abriga, além do museu de arte contemporânea, os jardins e a antiga casa da família do Conde de Vizela. A casa foi projetada entre 1925 e 1944 e trata-se de um dos principais ícones no estilo Art Déco em Portugal. Sua importância é tamanha que foi classificada como um imóvel de interesse público em 1996. Já o jardim foi crescendo gradativamente ao longo das décadas através da aquisição de terrenos vizinhos e tornou-se também uma referência de patrimônio da paisagem portuguesa. A casa e o jardim foram abertos oficialmente ao público em 1987, embora a Fundação, uma colaboração entre o estado e a sociedade civil, tenha sido criada apenas em 1989.
O museu de arte contemporânea foi construído após a criação da Fundação – o projeto assinado por Siza foi iniciado em 1991 e o museu inaugurado em 1999.
Basicamente, podemos afirmar que a Fundação possui 3 tipologias de espaço para receber diferentes exposições: a residência art déco, o museu de arte contemporânea e o próprio jardim. Enquanto a casa possui ambientes menores com muitas paredes, o museu de arte contemporânea desfruta de pés direitos mais altos e espaços mais amplos. Já o jardim permite a instalação de obras de grande escala, como foi o caso da recente exposição do artista indiano Anish Kapoor que esteve em cartaz entre Julho 2018 e Fevereiro 2019.
O acesso à Fundação é feito por um pequeno portão na Rua Dom João de Castro. Um caminho à direita, coberto e aberto na lateral, direciona o visitante à entrada do museu de arte contemporânea, onde encontramos a bilheteria, uma lojinha, os banheiros, bengaleiro e um grande hall que distribui os visitantes entre os espaços expositivos, divididos por dois pavimentos.
Nas salas de exposição, as obras de arte saltam aos olhos do visitante dada à sua composição branca e iluminação uniforme. Mas longe de serem espaços monótonos, as salas possuem ligações diretas umas com as outras, dispensando a necessidade de corredores e proporcionando ângulos inusitados ao longo do percurso, além de belas perspectivas para o jardim. Esse desenho torna o percurso expositivo sempre surpreendente.
Do segundo andar, temos acesso à biblioteca que possui um belíssimo pé-direito duplo. No subsolo, há ainda um café. Apesar da diversidade dos usos, todos os espaços possuem o mesmo tratamento material – pedra tipo mármore à meia altura e paredes pintadas na cor branca. A iluminação é sempre indireta e difusa, com as lâmpadas conciliada pelo desenho do teto. Todas as linhas do projeto estão em harmonia, nada sobra e nada falta.
O jardim abarca diferentes estilos de paisagismo. Composto por cerca de 230 diferentes espécies de vegetação, encontramos no jardim desde um bosque mais denso a grandes eixos delimitados por árvores em ambos os lados do passeio. Há ainda lagos e gramados propícios à instalação de esculturas temporárias, ou mesmo algumas permanentes que já fazem parte do acervo.