Ao voltar a Lisboa recentemente, encontrei uma cidade transformada. Novos museus, restaurantes, uma cidade repleta de eventos e turistas. Neste post, trago algumas novidades da cidade, lugares que valem a pena conhecer e que caracterizam este novo momento da cidade.
Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, o MAAT
Inaugurado recentemente, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – o MAAT – é um projeto do escritório britânico liderado por Amanda Levete. O museu fica no bairro de Belém, em frente ao rio Tejo, ao lado do museu da eletricidade. Ambos os museus agora serão integrados e farão parte de um único complexo, gerido pela fundação EDP.
O museu parece surgir do chão. Temos essa impressão graças a forma orgânica e delicada curvatura da cobertura, que aqui adquire a função de rampa. A cobertura transitável se eleva em um ângulo de baixa inclinação, permitindo o acesso universal, e traz um novo ponto de vista sobre o rio Tejo e para uma outra parte da cidade, mais afastadas do centro histórico. Foram nela criados segmentos ajardinados que rompem com a sobriedade mineral da grande laje. Largos degraus servem de bancos, oferecendo um local para o repouso dos visitantes e a contemplação da paisagem. Na frente do museu, há também uma escadaria, que desce em direção ao Tejo, e gera uma relação mais próxima com a água.
A fachada do museu possui um revestimento cerâmico, uma referência ao tradicional material da arquitetura portuguesa. Estas placas, entretanto, não são planas – elas são mais altas em uma das extremidades. A sua composição portanto gera um jogo de volume e tridimensionalidade. Uma saliência discreta mas suficiente para gerar um efeito de movimento na fachada.
Ao adentrar o museu, deparamo-nos com um enorme vão que permite ocupações de grande escala. A primeira exposição neste espaço foi assinada pela francesa Dominique Gonzalez Foerster. A artista preencheu o espaço com bolas de ar, gerando um ambiente lúdico e convidativo para crianças e adultos, uma intervenção que estimula a participação do visitante.
Até dia 11 de Dezembro, o MAAT recebe a 4ª trienal de Arquitetura de Lisboa, que tem como tema: “A forma da forma”.
‘Park’ e outros Rooftops
Lisboa é conhecida como a cidade das 7 colinas. Não é de se surpreender a quantidade de miradouros que encontra-se pela cidade. Além dos miradouros públicos como o miradouro da Graça, de São Pedro de Alcântara e de Santa Catarina, há ainda os ‘rooftops’ que permitem a admiração das belas perspectivas. Um destes é o ‘Park Bar’, que abriu recentemente sobre um edifício garagem, no bairro alto.
Assim como o caso do ‘Park’, onde um espaço previamente subutilizado – a cobertura de um edifício garagem – foi reaproveitado para outro uso, Lisboa conta com uma série de outros exemplos que mostram como a revitalização e reutilização de um edifício pode contribuir para a transformação de toda uma região. A seguir, alguns empreendimentos que espelham bem este momento:
LX Factory
A LX Factory (http://www.lxfactory.com/PT/welcome/) é uma antiga fábrica de tecidos e fiação na região de Alcântara, sob a ponte 25 de abril. O local foi convertido em uma ilha criativa, recebendo cafés, restaurantes, ateliês, espaços co-working, lojas de arte, decoração e livraria. A região está se tornando um novo pólo criativo. Além da fábrica, na mesma rua encontra-se a ESTAL – escola superior de artes livres, e em breve um novo Museu Berardo – Art Nouveau, Art Déco.
Embaixada
Localizada no bairro Príncipe Real, a embaixada (http://www.embaixadalx.pt/) transformou um antigo palacete neoárabe do século XIX em uma galeria comercial que reúne diversas marcas de roupa, galeria de arte, bar e restaurante.
Palácio do Chiado
Antiga sede de parte do Instituto de Arte e Decoração (IADE), na rua do Alecrim. O prédio foi inteiramente renovado e hoje abriga diferentes restaurantes em um mesmo edifício. Para ver o vídeo desse processo de transformação, clique aqui: http://palaciochiado.pt/
Mercado da Ribeira
O mercado da ribeira existe desde o século XIX porém, desde os anos 2000, parte de sua área estava subutilizada. Foi então proposto um concurso público de propostas para a modernização do espaço, que foi vencido pela revista Time Out Portugal (https://www.timeout.pt/lisboa/pt). A equipe editorial, que seleciona o que há de melhor em Portugal, escolheu 24 dos melhores restaurantes da cidade e 8 bares para se instalarem no novo mercado da ribeira. Com compridas mesas comunitárias, balcões e esplanadas, o local se tornou um importante pólo gastronômico na cidade, o que repercutiu na revitalização de todo o bairro do Cais do Sodré.
Aos que visitam a cidade pela primeira vez, não podem deixar de visitar outros tradicionais pontos turísticos como o padrão de descobrimentos, a torre de Belém, Mosteiro dos Jerônimos, o Centro Cultural de Belém, o Museu Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional do Azulejo. E tomar um cafezinho com pastel de nata na pastelaria de Belém.
Nas grandes cidades, há sempre algo a se descobrir. No caso de Lisboa, parece que ela está sendo descoberta pelo mundo. Por todos os lados, vemos turistas descobrindo a cidade. Isso por um lado é ótimo, pois contribui para a valorização da cultura e o interesse internacional, atraindo investimentos para a cidade. Por outro, é necessária uma certa cautela para que a cidade não se descaracterize e perca a sua essência, o que há de melhor, no meio de tantas mudanças.