Arquitetura de Museus
26/01/2017

Se há uma tipologia que adquiriu destaque na mídia internacional nos últimos tempos, é a arquitetura dos museus.  Desde a construção do Guggenheim de Bilbao, no início dos anos 2000, ficou claro o potencial de atratividade turística dos museus. O efeito do Guggenheim sobre a cidade foi tão impactante, que ficou conhecido como o ‘efeito bilbao’.

Fonte: https://www.guggenheim.org/about-us

Bilbao é uma cidade no país Basco, no norte da Espanha, com uma população de aproximadamente 300 mil pessoas, e possuía uma até então economia majoritariamente industrial.  A vinda do museu Guggenheim, com a sua fabulosa estrutura projetada pelo arquiteto Frank Gehry, trouxe os olhares do mundo inteiro, proporcionando uma revitalização na escala da cidade e a vinda de milhares de turistas.  Devido ao sucesso deste empreendimento, muitos outros centros urbanos tem apostado na construção de museus para dar projeção à cidade.  Casos semelhantes desde então foram o novo Louvre em Lens, na França (projeto SANAA), o Centro Cultural da Galícia, em Santiago de Compostela (projeto Peter Eisenman), e até mesmo o recentemente inaugurado Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (projeto Santiago Calatrava).

O nome de Gehry ficou fortemente atrelado à arquitetura de espetáculo desde sua contribuição à Bilbao. Além de projetar prédios como o Walt Disney Symphony Hall, de Los Angeles, Gehry foi também convidado para projetar a Fondation Louis Vuitton, inaugurada em 2014 em Paris.

Arte e Moda – Fondation Louis Vuitton e Fondazione Prada

A Fondation Louis Vuitton é um centro cultural criado pela marca de moda francesa homônima.  Essa iniciativa faz parte de um movimento que tem adquirido força nos últimos anos em que grandes marcas do mundo da moda inauguram centros culturais próprios.  O objetivo é que essas marcas aumentem a sua influência sobre a tendência em outras artes, além da moda.

A Fondation Louis Vuitton está situada no 16º arrondissement, próximo ao parque Bois de Boulogne.  O edifício assume a forma de velas nas fachadas. No térreo, há um grande hall de entrada, um espaço voltado ao público que articula também um restaurante e a loja do museu.

Fondation Louis Vuitton, com intervenção do artista Daniel Buren na fachada.

A exposição se distribui por diferentes pisos, começando no subsolo e depois nos pavimentos superiores.  Os últimos andares do edifício são terraços, espaços semi-abertos que permitem a realização de eventos, além de oferecer vista para a paisagem do entorno.  Esses terraços na cobertura permitem também a visualização para o prédio em si. As diversas reentrâncias oferecem múltiplos pontos de vista para uma “auto-admiração” do edifício.

Assim como no seu projeto para Bilbao, o edifício se confunde entre arquitetura e obra de arte. A construção não se detém apenas ao plano de fundo ou moldura para as obras – de tão belas, as formas do edifício sobressaem e competem com as obras em exposição pela atenção do visitante. Somos constantemente surpreendidos ao longo do percurso por salas que tomam formas inusitadas, aberturas laterais e zenitais, passarelas sinuosas, transição de materiais, variações entre dentre e fora.

Fondation Louis Vuitton, com intervenção colorida do artista Daniel Buren, na fachada.

Há muita discussão sobre o papel da arquitetura e a sua influência sobre a curadoria do museu. Se a arquitetura deve ou não interferir na apreciação das obras. Perguntamos ao curador do Guggenheim de Nova Iorque, no #askacuratorday pelo twitter, se a arquitetura deveria permanecer simples, de modo a não ofuscar a arte em exposição. Como podemos ver na resposta abaixo, o curador Troy Conrad Therrien afirmou que cabe a curadoria encontrar este equilíbrio entre a obra de arte e a arquitetura.

Assim como a FLV, já existem outros exemplos de marcas que inauguraram centros culturais próprios, como a ‘Fondation Cartier’, em Paris (projeto de Jean Nouvel), e a Fondazione Prada (projeto do OMA), inaugurada em Milão, em 2016. Recentemente, o projeto do OMA para a Prada foi destacado na exposição “Beazley Designs of the Year”, que segue até 19 de Fevereiro 2017 no Design Museum, em Londres. A decoração do café da Fondazione Prada, entretanto, levou a assinatura do cineasta Wes Anderson, que trouxe a ambiência dos seus filmes e sua característica paleta de cores para o centro.

Fonte: archdaily.com.br Foto: Bas Princen

Tate Modern

Mas nem todos as cidades estão investindo na construção de novos museus.  Em 2016, foi inaugurada a extensão do Tate Modern, um dos maiores museus de arte moderna e contemporânea do mundo. A sua sede foi projetada pelo escritório suíço Herzog e De Meuron e reutiliza a estrutura de uma antiga fábrica na região de Southbank, em Londres. O projeto para a extensão manteve a mesma linguagem, preservando os tijolos marrons na fachada.

O museu desfruta de amplos espaços, o que permite a ocupação por obras de grande escala. Porém, a maior parte do acervo está distribuída por andares. A nova ala do museu assume uma forma piramidal e está organizada em 10 andares. Em cada pavimento, uma sala com uma temática diferente, reunindo trabalhos desde ‘performance art’ até ‘land art’.

Fonte: archdaily.com.br Imagem: © Hayes Davidson and Herzog & de Meuron

O tema da arquitetura de museus já foi abordado anteriormente aqui no blog através de outros projetos. Quer saber mais do assunto? Você encontra os nossos textos reunidos aqui: Museus

Mariana Magalhães Costa