Enquanto em Melbourne aproveitei para conhecer o Melbourne Museum – o maior museu do hemisfério sul.
O museu fica dentro dos ‘Jardins Carlton’ (Carlton Gardens), um parque público que fica a aproximadamente 10 minutos a pé do Centro. Quem vem do Centro não vê o museu de imediato: Primeiro nos deparamos com o Royal Exhibition Building, um pavilhão neo-clássico construído em 1880 para a Expo Internacional. Tanto o pavilhão quanto os jardins adquiriram título de patrimônio mundial da Unesco em 2004 – os primeiros monumentos da Austrália a receberem este reconhecimento.
O Melbourne Museum, projeto assinado pelo escritório Denton Corker Marshall Architects e concluído em 2001, não aparece por trás do Royal Exhibition Building devido à sua forma essencialmente horizontal – é preciso contornar o mesmo para avistar o museu. Os edifícios são adjacentes, porém relativamente afastados um do outro, o que permite a visualização de cada bloco de modo independente. Nesse gesto de clara separação entre o novo e o antigo há um respeito pelo bem preservado: o novo museu se impõe através de uma nova linguagem mas não ofusca a importância do pavilhão histórico.
O museu possui um imenso pórtico que se projeta sobre a praça de acesso. Esse pórtico é sustentado por uma estrutura metálica que avança para além do edifício, uma malha modular cujos ângulos retos contrastam com a morfologia assimétrica do museu, salientando uma alternância entre o aberto e o fechado. Essa solução permite uma flexibilidade na composição da fachada que pode ser modificada em função das exposições em cartaz.
Ao adentrar o objeto, percebemos que o pavimento de acesso é na verdade um pavimento intermediário do museu. Neste nível encontramos apenas a bilheteria, o guarda volumes, a lojinha e o café. As exposições se desenvolvem pelos demais pavimentos – as temporárias nos pavimentos inferiores e o acervo nos superiores. Ou seja, apesar do baixo gabarito, somos surpreendidos pela sua altura dos espaços internos. Os limites desiguais das plantas dos pavimentos estabelecem um jogo de mezaninos e pés-direitos duplos, que por sua vez aumentam ainda mais a amplitude dos ambientes.
O desenho do objeto revela uma leveza e ousadia nos traços, traços retos que se desviam no meio do caminho. Essa impressão é reforçada pelas formas quebradas ou levemente torcidas do conjunto, assim como pelos pilares e pelas paredes inclinadas no interior. Este projeto reflete o quanto a arquitetura contemporânea Australiana é influenciada pelo movimento pós-moderno, sobretudo pelo desconstrutivismo.