Visitei o Japão em 2018. Era uma viagem dos sonhos e fiquei encantada com o País. Trago neste texto os principais pontos que visitamos em Tóquio e alguns destaques da arquitetura local.
Museu Edo-Tóquio (Edo Tokyo Museum)
Um bom ponto de partida é o Museu Edo-Tóquio, um projeto do arquiteto japonês Kiyonori Kikutake, que conta a história da cidade durante o período Edo (1603-1868). Foram pouco mais de 260 anos em que a cidade foi governada pelos xoguns (título militar do Japão feudal) da família Tokugawa. Essa foi caracterizada como uma era de forte isolamento político-econômico do País. Em 1868, o governo imperial retomou a sua autoridade com a Restauração Meiji, a cidade se tornou a capital do império, e passou a ser chamar Tóquio.
O museu traz objetos da época, além de maquetes e réplicas das construções.
Templos Religiosos em Tóquio
Há 2 religiões predominantes no Japão: o Budismo e o Xintoísmo. Na cidade de Tóquio, encontramos santuários das duas religiões.
Templo Budista Sensoji
Construído em 645 AD, o templo Sensoji é o mais antigo de Tóquio e um dos mais antigos do Japão. O templo fica em Asakusa, um bairro conhecido por concentrar opções de lazer desde o período Edo.
Os templos budistas tradicionalmente tem uma torre chamada “pagode”, composta por 5 andares com beirais. Cada andar simboliza um elemento: terra, fogo, água, ar e céu.
O templo Sensoji é uma reconstrução, visto que o original foi destruído por bombardeios durante a segunda guerra mundial. Asakusa foi particularmente destruída na guerra e, embora tenha sido reconstruída, perdeu o posto de principal centro de entretenimento para outras regiões da cidade, como Shinjuku.
Essa situação revela um pouco da relação do Japão com o seu patrimônio. Para os japoneses, o importante não é a preservação do objeto em si, mas a continuidade do saber e de uma tradição. Certos templos são demolidos e reconstruídos periodicamente para que o conhecimento sobre o método construtivo passe de geração para geração.
Em frente ao primeiro portão (Kaminarimon) do templo em Asakusa, temos um exemplar da arquitetura japonesa contemporânea – um centro de informações projetado por Kengo Kuma. A fachada revestida por ripas de madeira coloca em evidência um material tradicionalmente utilizado na construção nipônica.
Santuário Xintoísta Meiji
Este é um templo xintoísta dedicado ao Imperador Meiji e à sua esposa, a imperatriz Shoken. Esse foi o imperador que deu nome à Restauração Meiji (mencionada acima) e quebrou o isolamento do Japão no final do Período Edo. O templo foi fundado em 1920, contudo também foi destruído pelos bombardeios da Segunda Guerra Mundial.
O santuário fica no centro de um belo jardim que o Imperador e a Imperatriz frequentavam em vida. Pouco antes de chegar no templo, passamos por um portão de madeira – um Torii – que representa a proximidade a um santuário xintoísta.
No jardim vemos também barris de saquê empilhados que são doações anuais de empresas e famílias ricas. O gesto tem como objetivo agradecer pelo progresso da indústria do saquê – bebida nacional do Japão – e da indústria de uma forma geral
Arquitetura Tradicional Japonesa
Por esses dois templos, já é possível perceber algumas características da arquitetura tradicional japonesa: As estruturas em madeira, por exemplo, são muito comuns; os encaixes não exigem o uso de pregos, de modo que a estrutura seja flexível e capaz de se movimentar. Essa configuração é ideal para um lugar como o Japão, onde terremotos ocorrem com frequência. As estruturas são leves, compostas por madeira, bambu e papelão então, caso elas desmoronem, não causarão muitos danos àqueles no interior. As casas são geralmente assentadas sobre pilares de madeira e levemente elevadas do solo, para proteger de eventuais alagamentos.
O uso desses materiais também enaltece a relação com a natureza. As portas de correr na fachada conectam o ambiente interno ao externo, permitindo a entrada de luz e ar. Os painéis de papel de arroz também permitem a passagem parcial de luz natural e podem receber pinturas, em função do uso e do tipo de ambiente. O chão é coberto por tatames, um tecido retangular de palha com uma medida padrão, sobre o qual os japoneses sentam e até dormem. As dimensões da arquitetura geralmente seguem múltiplos das medidas do tatame e é comum que os japoneses descrevam a área do espaço em função do número de tatames (exemplo: uma sala de 8 ou 12 tatames).
O paisagismo também é um elemento importante dentro da cultura japonesa. O jardim representa boas vindas e possui uma forte relação com a espiritualidade. Cada elemento tem um significado: a areia representa o mar; a água é o curso da vida; a pedra sugere caminho; a lanterna simboliza a tradição; o bambu, flexibilidade; e a ponte, o amadurecimento.
Hoje, a paisagem de Tóquio é conhecida por seus arranha céus. Como o espaço é restrito, o terreno tornou-se um bem de luxo e as construções costumam ser verticalizadas e bem estreitas.
Tokyo Sky Tree
A Tokyo Skytree é uma torre de transmissão de rádio e televisão e também um mirante, localizado no bairro de Sumida. Trata-se da torre mais alta do Japão (com 634 metros de altura) e a segunda mais alta do mundo, ficando atrás apenas do Burj Khalifa, em Dubai. Vale a visita para ter uma visão panorâmica da cidade.
Omotesando e Ginza
Essa é a avenida que leva ao Santuário Meiji e é uma das principais regiões comerciais de luxo da capital. Em poucos metros estão concentradas sedes de grandes marcas da moda, projetadas por arquitetos renomados mundialmente como Toyo Ito (loja Tod’s), OMA (coach) Herzog e DeMeuron (Prada) e Tadao Ando (Omotesando Hills). Não muito longe dali, em Minami-Aoyama, tem também a sede de SunnyHills, um outro projeto de Kengo Kuma.
Outra região comercial bem conhecida é Ginza, por onde continua o desfile das grandes marcas e projetos de arquitetura. Aqui encontramos, por exemplo, a maison Hermés, um projeto de Renzo Piano, cuja fachada é inteiramente revestida em tijolo de vidro. Perto de lá tem também o Tokyo International Forum, um projeto do Rafael Viñoly.
Shibuya
Um tradicional ponto turístico é o movimentado cruzamento de Shibuya. Lá também tem a estátua do cachorro Hachiko, que inspirou o filme “Sempre ao seu lado”, com Richard Gere, do cachorro que esperava pelo seu dono na estação de Shibuya.