Abu Dhabi é o maior dos sete emirados dos Emirados Árabes Unidos. Apesar de Dubai ter se tornado mais conhecido internacionalmente, Abu Dhabi é considerado mais rico e influente politicamente. Além disso, o emirado está começando a investir em monumentos para também atrair mais turistas. Algumas das principais atrações são o Louvre, o parque Ferrari World e a mesquita Sheikh Zayed.
O Louvre de Abu Dhabi é a primeira filial do renomado museu fora da França. Além do museu de Paris, há ainda o Louvre em Lens, um projeto do escritório japonês SANAA que fica a uma hora da cidade luz. O projeto de Abu Dhabi leva a assinatura do francês Jean Nouvel.
O Louvre fica na ilha artificial de Saadiyat (cuja tradução seria ‘ilha da felicidade’), uma espécie de ilha dos museus que receberá futuramente também uma filial do Guggenheim – um projeto do arquiteto canadense Frank Gehry – e o Museu Nacional Zayed – projetado pelo arquiteto britânico Norman Foster.
O elemento que predomina no projeto de Nouvel é a imensa cobertura metálica autoportante. Apesar de pesar mais de sete mil toneladas, para quem olha de fora a estrutura parece flutuar. O domo possui um diâmetro de 180 metros e é composto por 8 camadas de estrutura em formato de estrelas. A sobreposição dessas camadas perfuradas permite a passagem filtrada de feixes de luz. O efeito gerado leva o nome de ‘chuva de luz’. O arquiteto diz que se inspirou nas folhas das palmeiras de Abu Dhabi mas me lembrou mais as treliças e muxarabis, típicos da arquitetura árabe. Independente de qual seja a referência, esse é sem dúvida o elemento mais bonito do projeto.
Além de sua beleza, essa solução gera uma sombra que protege simultaneamente os visitantes e o acervo do museu. A cobertura cobre parte dos 55 prédios independentes, 23 dos quais são apenas galerias. Além do museu principal, há ainda um auditório, um museu infantil e um centro de pesquisas. A composição em blocos baixos, brancos e independentes lembra a organização das medinas, centros históricos das cidades árabes, formados por um sistema labiríntico de estreitas vielas. Embora as 23 galerias estejam interligadas por um percurso único contínuo, as salas de exposição contam com aberturas zenitais e grandes janelas que permitem a entrada de luz natural e a observação da arquitetura do museu. No final do percurso expositivo, saímos para a imensa praça coberta pelo domo.
Outro elemento bem explorado no projeto é o espelho d’água. Além de duplicar o desenho da belíssima cobertura, ele ajuda a esfriar levemente a temperatura no local.
O projeto de Jean Nouvel resgata elementos tradicionais da arquitetura árabe (a geometria, a horizontalidade, a chuva de luz, a água e o pátio) e combina-os com desenho, materiais e tecnologia contemporâneos. O resultado é ao mesmo tempo harmônico e deslumbrante. Uma visita inesquecível.