Düsseldorf pode não ser a primeira cidade que vem à mente ao se planejar uma viagem à Alemanha, mas ela foi destacada pela Mercer Quality of Life Survey como a sexta cidade com melhor qualidade de vida em 2019. Esta, que é a sétima maior cidade alemã, conta com uma população de pouco mais de 600 mil habitantes. Seu centro histórico reúne prédios antigos mas também exemplares de arquitetura contemporânea, como o centro comercial Kö-Bogen.
Kö-Bogen I e II, Studio Libeskind e Ingenhoven architects
A primeira parte do complexo foi inaugurada em 2013 e é um projeto do Studio Libeskind. O prédio está situado no limite entre o centro histórico e o parque Hofgarten, demarcando uma transição na paisagem urbana. Dividido em dois blocos interligados por uma passarela, o Kö Bogen I é caracterizado por uma planta de formas curvas e pelo desenho ritmado das suas fachadas.
As fachadas oeste e noroeste, voltadas para o parque e para a praça Cornelius, podem ser avistadas a uma grande distância e possuem uma curvatura suave, seguindo o mesmo percurso do riacho em frente. As esquadrias seguem um desenho de linhas verticais, com panos de vidro finos e compridos. Por vezes, esse desenho é interrompido por rasgos assimétricos. Os vazios resultantes destes rasgos são tomados por plantas e revelam uma segunda fachada de vidro por trás.
As fachadas leste e sudeste, por outro lado, são voltadas para as vias de pedestres e demais construções. As curvas das fachadas são mais fechadas e o desenho das esquadrias é predominantemente horizontal.
A planta em formas curvas e o intervalo entre os 2 blocos, convida o visitante a atravessar e contornar o objeto, permitindo-o descobrir diferentes visadas ao caminhar ao redor. Para um prédio corporativo, com um programa engessado e com muitas restrições técnicas, eu achei o edifício convidativo e bem integrado ao seu contexto.
A segunda parte do complexo fica pouco mais a leste, separada por uma linha de elétrico na superfície. O Kö Bogen II, projeto assinado pelo escritório alemão Ingenhoven architects, foi escolhido a partir de um concurso realizado em 2014 e foi construído entre 2017-2020. Suas fachadas são cobertas por vegetação. De acordo com o site do escritório, trata-se da maior parede verde da Europa, com 8 quilômetros de extensão e mais de 30 mil plantas.
Esse projeto também é dividido em 2 partes. Um bloco mais baixo possui uma cobertura inclinada, como uma continuação da praça no térreo, coberta por um grande gramado onde as pessoas podem se sentar. A segunda parte é mais alta e abriga lojas por trás de seus jardins verticais. Considerando o Hofgarten ao norte, o Kö Bogen II acaba por trazer uma continuidade a este corredor verde na cidade.
Neuer Zollhof, Frank Gehry e BM+P Architekten
Outro prédio contemporâneo que vale ser visitado em Düsseldorf é o Neuer Zollhof, projeto de Frank Gehry em colaboração com BM+P Architekten, inaugurado em 1998. O complexo é formado por três prédios de salas comerciais, cada um deles com um revestimento distinto na fachada – um em tijolo aparente, outro em chapas de aço e o terceiro com emboço e pintura branca. As formas orgânicas permitem ao visitante descobrir novos pontos de vista à medida que caminha pela região. Aos que quiserem curtir o espaço, há um restaurante no térreo.
O Neuer Zollhof não está na parte histórica da cidade mas na região portuária, que foi recentemente renovada. Com a redução das atividades portuárias e o fechamento de empresas que geravam muitos empregos, como a Mannesmann, Düsseldorf passou por um período de crise na segunda metade do século 20. Não obstante, a cidade nunca deixou de ser ‘hub’ de negócios, moda e arte.
Joseph Beuys, um dos grandes ícones da história da arte, passou grande parte da sua vida por aqui. Ele viveu muitos anos em Dusseldorf e foi professor da Kunstakademie Düsseldorf, por onde também passaram artistas como Gerhard Richter, Sigmar Polke e Anselm Kiefer. As obras de alguns destes integram a coleção permanente do museu K20 – Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen.
A arquitetura em si do K20 merece uma menção especial, com seus pés direitos amplos e iluminação suave, perfeita para espaços expositivos. Trata-se de um projeto do escritório dinamarquês Dissing + Weitling e foi inaugurado em 1986.
Comprando o ingresso do Museu K20, há uma opção que também dá acesso ao museu K21, que abriga uma coleção de arte contemporânea e inclui obras de audiovisual e artistas como Sol Lewitt. No último andar, vale visitar a belíssima instalação ‘In Orbit’, de Tomás Saraceno.
Saindo do circuito dos museus, uma opção de visita ao ar livre é a Kiefernstraße, uma rua cujas fachadas foram inteiramente cobertas por grafites. Entre os artistas que deixaram a sua marca no local estão os Gêmeos.