Düsseldorf | Alemanha
13/09/2022

Düsseldorf pode não ser a primeira cidade que vem à mente ao se planejar uma viagem à Alemanha, mas ela foi destacada pela Mercer Quality of Life Survey como a sexta cidade com melhor qualidade de vida em 2019. Esta, que é a sétima maior cidade alemã, conta com uma população de pouco mais de 600 mil habitantes. Seu centro histórico reúne prédios antigos mas também exemplares de arquitetura contemporânea, como o centro comercial Kö-Bogen.

Kö-Bogen I e II, Studio Libeskind e Ingenhoven architects

Kö Bogen I, projeto do Studio Libeskind

A primeira parte do complexo foi inaugurada em 2013 e é um projeto do Studio Libeskind. O prédio está situado no limite entre o centro histórico e o parque Hofgarten, demarcando uma transição na paisagem urbana. Dividido em dois blocos interligados por uma passarela, o Kö Bogen I é caracterizado por uma planta de formas curvas e pelo desenho ritmado das suas fachadas.

Passarela entre os dois blocos

As fachadas oeste e noroeste, voltadas para o parque e para a praça Cornelius, podem ser avistadas a uma grande distância e possuem uma curvatura suave, seguindo o mesmo percurso do riacho em frente. As esquadrias seguem um desenho de linhas verticais, com panos de vidro finos e compridos. Por vezes, esse desenho é interrompido por rasgos assimétricos. Os vazios resultantes destes rasgos são tomados por plantas e revelam uma segunda fachada de vidro por trás.

Rasgos assimétricos nas fachadas
Fachada espelhadas refletidas no riacho

As fachadas leste e sudeste, por outro lado, são voltadas para as vias de pedestres e demais construções. As curvas das fachadas são mais fechadas e o desenho das esquadrias é predominantemente horizontal.

Fachadas Leste e Sudeste com linhas horizontais
Fachadas Leste e Sudeste com linhas horizontais

A planta em formas curvas e o intervalo entre os 2 blocos, convida o visitante a atravessar e contornar o objeto, permitindo-o descobrir diferentes visadas ao caminhar ao redor. Para um prédio corporativo, com um programa engessado e com muitas restrições técnicas, eu achei o edifício convidativo e bem integrado ao seu contexto.

Alternância nos desenhos das fachadas

A segunda parte do complexo fica pouco mais a leste, separada por uma linha de elétrico na superfície. O Kö Bogen II, projeto assinado pelo escritório alemão Ingenhoven architects, foi escolhido a partir de um concurso realizado em 2014 e foi construído entre 2017-2020. Suas fachadas são cobertas por vegetação. De acordo com o site do escritório, trata-se da maior parede verde da Europa, com 8 quilômetros de extensão e mais de 30 mil plantas.

Kö Bogen II, fica do outro lado da linha do elétrico

Esse projeto também é dividido em 2 partes. Um bloco mais baixo possui uma cobertura inclinada, como uma continuação da praça no térreo, coberta por um grande gramado onde as pessoas podem se sentar. A segunda parte é mais alta e abriga lojas por trás de seus jardins verticais. Considerando o Hofgarten ao norte, o Kö Bogen II acaba por trazer uma continuidade a este corredor verde na cidade.

Cobertura inclinada é uma continuação da praça
Kö Bogen II

 Neuer Zollhof, Frank Gehry e BM+P Architekten

Outro prédio contemporâneo que vale ser visitado em Düsseldorf é o Neuer Zollhof, projeto de Frank Gehry em colaboração com BM+P Architekten, inaugurado em 1998. O complexo é formado por três prédios de salas comerciais, cada um deles com um revestimento distinto na fachada – um em tijolo aparente, outro em chapas de aço e o terceiro com emboço e pintura branca. As formas orgânicas permitem ao visitante descobrir novos pontos de vista à medida que caminha pela região. Aos que quiserem curtir o espaço, há um restaurante no térreo.

Cada prédio tem um revestimento de fachada distinto

  

Restaurante no térreo

O Neuer Zollhof não está na parte histórica da cidade mas na região portuária, que foi recentemente renovada. Com a redução das atividades portuárias e o fechamento de empresas que geravam muitos empregos, como a Mannesmann, Düsseldorf passou por um período de crise na segunda metade do século 20. Não obstante, a cidade nunca deixou de ser ‘hub’ de negócios, moda e arte.


Joseph Beuys, um dos grandes ícones da história da arte, passou grande parte da sua vida por aqui. Ele viveu muitos anos em Dusseldorf e foi professor da Kunstakademie Düsseldorf, por onde também passaram artistas como Gerhard Richter, Sigmar Polke e Anselm Kiefer. As obras de alguns destes integram a coleção permanente do museu K20 – Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen

  

A arquitetura em si do K20 merece uma menção especial, com seus pés direitos amplos e iluminação suave, perfeita para espaços expositivos. Trata-se de um projeto do escritório dinamarquês Dissing + Weitling e foi inaugurado em 1986.

  

Comprando o ingresso do Museu K20, há uma opção que também dá acesso ao museu K21, que abriga uma coleção de arte contemporânea e inclui obras de audiovisual e artistas como Sol Lewitt. No último andar, vale visitar a belíssima instalação ‘In Orbit’, de Tomás Saraceno.

‘In Orbit’, de Tomás Saraceno
‘In Orbit’, de Tomás Saraceno
‘In Orbit’, de Tomás Saraceno
Museu K21
Museu K21

Saindo do circuito dos museus, uma opção de visita ao ar livre é a Kiefernstraße, uma rua cujas fachadas foram inteiramente cobertas por grafites. Entre os artistas que deixaram a sua marca no local estão os Gêmeos.