Os cavaletes de Lina Bo Bardi | São Paulo
24/02/2016

Recentemente, o acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o MASP, voltou a ser o centro das atenções. Isso é devido a uma modificação no modo como o acervo é apresentado. Os cavaletes de vidro, originais do projeto de Lina Bo Bardi, foram retomados após 20 anos.

Pinturas do acervo voltaram a ser expostas nos cavaletes de vidro, de Lina.

Inaugurado em 1968, o MASP é provavelmente o projeto mais importante e conhecido da arquiteta. Lina idealizou um espaço expositivo com um acervo exposto de forma leve e ininterrupta, como se as obras pairassem no ar. Para isso, ela projetou cavaletes de vidro, de modo que os quadros não precisassem ser presos em paredes. Com o tempo, estes cavaletes foram se desgastando e, nos anos 90, foram eventualmente substituídos por painéis.

Cavaletes de vidro ampliam o espaço de exposição do acervo

Nesta nova disposição com os cavaletes, os quadros foram expostos cronologicamente – do mais antigo ao mais novo. Isso não significa que há uma sequência definida. O visitante tem a liberdade de escolher o seu próprio percurso; ele pode caminhar entre os quadros, seguir em frente ou voltar atrás, como ele preferir. Outro aspecto interessante deste novo arranjo é o modo como o acervo pode ser visualizado em camadas. Você pode no primeiro plano estar vendo um quadro antigo mas, através do vidro ou entre cavaletes, avistar um quadro mais moderno ao fundo. A transparência da disposição permite esse diálogo entre obras à distância.

A disposição permite a visualização simultânea de obras em diferentes fileiras

Vale ressaltar que os cavaletes instalados em 2015 não são os originais. Eles foram ‘reprojetados’ para respeitar o desenho de Lina e são mais resistentes.  A base dos cavaletes agora leva concreto armado no interior e discos de borracha para amenizar os efeitos da trepidação. O redesenho e readequação dos espaços foi assinado pelo escritório paulista Metro Arquitetos.

Base de concreto dos cavaletes.

Eu já tinha visitado o acervo do MASP algumas vezes mas devo dizer que, após essa reforma, a vivência do espaço foi completamente modificada. Essa nova fluidez do percurso e a possibilidade de avistar várias obras ao mesmo tempo realmente mudou a experiência da exposição.