A Japan House, um projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma em parceria com o escritório brasileiro FGMF Arquitetos, foi aberta ao público em maio deste ano. Uma iniciativa do governo japonês para apresentar a face contemporânea do seu país, com um espaço que reúne arte, cultura e tecnologia. Além da sede no Brasil, há duas outras pelo mundo – uma em Londres e outra em Los Angeles.
O projeto não se tratava de uma nova construção, mas de uma reforma em um prédio existente. O local possuía anteriormente o programa de uma agencia bancária, e o projeto previu modificações para adaptar o espaço ao novo uso. Além de rasgos na laje para a circulação vertical, foram realizados reforços na estrutura para comportar o aumento do público.

O centro cultural situa-se na Avenida Paulista. Numa via rodeada por arranha céus, o prédio de 3 andares parece pequenino. A Japan House, porém, se impõe através de sua fachada espetacular, revestida por réguas de madeira hinoki, um pinheiro típico do Japão. As tábuas formam um grande portal, emoldurando a entrada do edifício.
Por trás da estrutura de madeira, avistamos uma praça de acesso – um espaço agregador e de transição – e um segundo painel de cobogós de concreto, na fachada lateral do edifício. Ambos os revestimentos – as ripas de madeira e o cobogó – possuem uma função de brise, servindo de anteparo para a luz do sol.

Ao adentrar, nos encontramos direto em uma sala de exposição. Quando visitei, estava em cartaz a exposição “Espuma”, de Kohei Nawa. Ainda no térreo, há uma lojinha com produtos japoneses, os banheiros, um café e uma biblioteca. No fundo, um pequeno jardim com um piso contínuo que cria uma topografia artificial. Esse mini-jardim oferece um espaço de descanso e contemplação, rodeado pelos edifícios do entorno.



Do lado da recepção, o elevador e a escada nos conduzem aos demais pavimentos. As caixas do elevador são revestidas por vidro, deixando a sua estrutura metálica aparente. Isso permite também percorrer verticalmente o edifício sem perder o contato visual com os espaços.


No segundo andar, encontramos salas multiuso para a realização de eventos e seminários e, no terceiro andar, mais uma sala de exposição e um restaurante típico. As amplas janelas do restaurante revelam um segundo jardim, dessa vez um jardim linear totalmente encerrado por bambus. As plantas abafam o ruído da avenida paulista e trazem um clima de refúgio para dentro do ambiente.
O projeto é composto por uma variação de camadas opacas e transparentes, que se contrapõem constantemente. Em muitas ocasiões, é possível estar em um espaço e avistar os adjacentes. Da sala da exposição no último andar, por exemplo, é possível avistar o restaurante, a cozinha (aberta para o salão) e o jardim. Isso contribui para a dissipação da luz natural para o interior do edifício. O vidro, por vezes, é revestido por uma chapa metálica expandida mergulhada em papel – combinando o material contemporâneo com a tradição artesanal japonesa. Esse material é empregado na divisória entre a loja e a sala de exposições no térreo, no teto da loja, na caixa de elevador e na divisória entre o restaurante e a sala de exposição.
A laje de concreto é aparente e todas as instalações são mantidas a vista. A iluminação do espaço de exposição é em trilho, o que permite a flexibilidade para mudar de lugar para cada nova exposição.