L’ arsenale Monditalia Scan | Biennale di architettura Venezia 2014
08/10/2014

Inicio com este texto uma série sobre a Bienal de Arquitetura de Veneza em 2014. A bienal deste ano teve curadoria do arquiteto holandês Rem Koolhaas e permanece em exposição do dia 7 de Junho a 23 de Novembro deste ano, 3 meses a mais do que o habitual para uma bienal de arquitetura.  A mostra é dividida em diferentes segmentos principais e neste texto vou abordar a exposição “Monditalia”, que está atualmente exposta no Corderie Arsenale.

O pavilhão de l’arsenale abrigou nesta edição uma mostra dedicada inteiramente ao País sede da bienal – a Italia.  Traçando um retrato de norte ao sul do País, a mostra abordou temais variados passando pela imigração, a instabilidade política nacional, as ruínas do modernismo à evolução das discotecas de Milão.  Vemos uma Itália influenciada pelos interesses do mercado imobiliário e suscetível aos efeitos do turismo de massa, como ocorre com Veneza e Assis.  São ressaltados também os problemas de patrimônio, os desafios da preservação e as transformações trazidas pelas mudanças climáticas, tais como as fronteiras físicas na obra “Italian Limes”.

A mostra conta com painéis e vídeos apresentando pesquisas e estudos de caso, porém é o tempo todo acompanhada por projeções de filmes que ajudam a criar um imaginário do País.  Dentre eles, vemos cenas de filmes como “Le mépris” de Jean Luc Godard, “Roma” Frederico Fellini, “Caro diário” de Nanni Moretti, o “Deserto vermelho” de Michelangelo Antonioni , “Beleza Roubada” de Bertolucci, entre muitos outros. 

Para além do cinema, a exposição busca intercalar diferentes setores de arte – foram montados palcos que permitem a realização de espetáculos de dança, teatro e música no meio da exposição.

Palcos, andaimes e outras estruturas foram montadas no meio da exposição, o que permite a realização de espetáculos durante a mostra

palcos, andaimes e outras estruturas foram montadas no meio da exposição, o que permite a realização de espetáculos durante a mostra.

A seguir, destaco algumas das obras expostas que mais chamaram a minha atenção:

Roma – San Giacomo Hospital – the ghost block of giambattista nolli

A obra propõe uma análise sobre as ruínas contemporâneas e o descaso com as instituições públicas.

Ground floor crisis – Primo Piano Patrimônio

Uma grande inundação nas cidades de Florença e Veneza em 1966 trouxe a tona o problema do pavimento térreo e a preservação do patrimônio nos centros históricos.  Essa nova percepção também elimina a separação entre o dentro/fora e o público/privado, dando margem a uma nova percepção de cidade – a cidade anfíbia.

Biblioteca Laurenziana de Michelangelo

“Michelangelo takes each architectural element and forces it into new shapes and new relationships.”

— Rem Koolhaas

I resti di uno miracolo

Panorama de fotografias de obras do modernismo italiano com questionamentos sobre o destino dessas edificações:

“As obras primas do modernismo italiano, construídos durante os prósperos anos das décadas de 50 e 60, produtos da ambição política industrial e econômica, refletem a pesquisa daquela época. Esses prédios encontram-se hoje em estado de abandono e negligenciados.  Isso traz um retrato da realidade italiano a cerca de:

  • o nascimento, vida e morte da economia italiana. Os ciclos;
  • o sonho progressista dos arquitetos e engenheiros italianos,
  • a qualidade inerente da pesquisa arquitetônica e construtiva,
  • a (im)possibilidade do futuro da arquitetura
  • nossa incapacidade de protegê-la
  • nossa incapacidade de reutilizá-la
  • nossa incapacidade de reciclar ideias
  • o fato que construir algo novo é mais barato do que restaurar, construir é mais barato do que demolir
  • a arquitetura tem uma vida curta e o arquiteto não é responsável pelo seu tempo de vida
  • a realidade é mais forte do que a arquitetura
  • a arquitetura moderna não se mostrou flexível o suficiente ao longo do tempo”

Italian limes

A obra italian limes traz uma maquete que apresenta projeções da fronteira italiana em transformação.  Parte das fronteiras com os paises vizinhos que passavam pelo topo dos alpes estão sendo redesenhadas por conta do derretimento das geleiras, uma consequencia das mudanças climáticas.