Museu Tinguely, Mario Botta | Basiléia
18/10/2023

Inaugurado em 1996, o Museu Tinguely é dedicado à obra de Jean Tinguely (1925-1991), artista que se tornou bem conhecido por suas esculturas cinéticas. Ele nasceu em Fribourg, na Suíça, mas cresceu e estudou na cidade da Basiléia, onde fica o museu. Ele também viveu muitos anos em Paris, onde contribuiu com a cena artística entre os anos 1950 e 70.

Museu Tinguely

A arquitetura do museu leva a assinatura de Mario Botta. Ao norte e ao leste do prédio há duas avenidas de alta velocidade. A fachada sul é voltada para o rio Reno e a oeste para o parque Solitude. O prédio serve de anteparo entre esses espaços externos, oferecendo uma proteção ao parque contra o ruído das vias expressas.

Vista da lateral do museu. O muro à direita serve de barreira para proteger do ruído da avenida por trás. Ao fundo, vemos o Solitude Park.
O prédio é revestido por placas de arenito de tonalidade rosada, chamada ‘Pink Rosé de Champanay’.

Dado o contraste entre os elementos do entorno, cada fachada tem um tratamento particular. Enquanto o prédio se fecha para o viaduto à leste, ele se abre para o parque ao oeste. O projeto tira proveito de cada uma dessas frentes, criando relações distintas com as diferentes adjacências.

Museu se abre para o rio com o restaurante e mesas na área externa. Nesta altura da margem do Reno, as pessoas costumam entrar na água para se banhar.

O prédio pode ser acessado de diferentes maneiras. Há uma entrada voltada para o sul, de frente para o rio, que dá acesso diretamente ao restaurante. Foram colocadas mesas na área externa o que torna este um ambiente muito agradável nos meses de verão. Esse é um nível abaixo do térreo. O térreo pode ser pela entrada da fachada oeste, de frente para o parque.

Escultura de Niki Saint Phalle no parque
Escultura de Jean Tinguely
O museu visto do parque

Além do gramado e das fontes, o parque inclui esculturas do próprio Tinguely e de Niki Saint Phalle, artista com quem ele cooperou e também foi casado. Juntos eles fizeram a fonte Stravinsky, em Paris. Lembrando que a obra de Niki Saint Phalle já foi tema deste artigo do blog.

Pórtico protege o visitante das intempéries e emoldura a entrada do museu.

O caminho para a entrada é protegido por um pórtico, que oferece abrigo da chuva e sombra nos dias de sol. O grande plano de vidro que segue esse caminho permite a visualização da sala principal do museu, onde estão expostas as grandes esculturas de Tinguely. Ou seja, antes mesmo de adentrar o museu, já é possível visualizar parte da coleção. No interior, além de parte da exposição permanente, o térreo inclui também a bilheteria e a loja do museu.

Gigantescas esculturas cinéticas de Jean Tinguely
Grande esquadria permite a visualização das esculturas a partir do exterior

O percurso expositivo se inicia com salas menores, que apresentam esculturas pequenas e uma linha do tempo da carreira de Tinguely. A exposição depois continua no subsolo em salas com projeções de vídeo, que não precisam de luz natural. O percurso termina na grande sala do térreo, onde se encontram as gigantescas esculturas que podiam ser visualizadas a partir do exterior. Esta sala tem um pé direito duplo e conta com um mezanino que proporciona um outro ponto de vista sobre as esculturas.

Visão da sala de esculturas a partir do mezanino.

Há um pavimento superior onde são organizadas exposições temporárias. O acesso a essas salas é feito por uma passarela que se desprende do volume principal na fachada sul e avança em direção ao rio. O arquiteto chamava essa passarela de ‘la barca’ (o barco), uma referência ao corpo de água em frente, mas também à sua forma, que se assemelha a uma canoa. Ao atravessá-la, o visitante se sente mesmo num barco navegando sobre a água. Esse corredor com vidro de ambos os lados marca a transição entre a coleção permanente e temporária. Durante a minha visita, a exposição temporária era “Dream Machines”,  Janet Cardiff e George Bures Miller, artistas que trabalham com som e possuem uma instalação na mostra permanente de inhotim.

Passarela que leva às salas de exposições temporárias
Passarela que avança em direção ao rio lembra uma embarcação.
Detalhes da escada de saída da sala de exposições temporárias.
Clarabóias redondas na caixa de escada na saída da sala de exposições temporárias.

Para conhecer um pouco mais, esse video faz uma visita pelo museu:

Além do museu e do parque, outros exemplares da obra de Tinguely podem ser encontrados na cidade, como a fonte Fasnachtsbrunnen. Construída entre 1975 e 1977, essa fonte é localizada onde era o antigo teatro da cidade. Em homenagem, os elementos da fonte se movem como se fossem atores interpretando um espetáculo sem fim.

Fonte Fasnachtsbrunnen, de Jean Tinguely no centro da Basiléia.
Fonte Fasnachtsbrunnen, de Jean Tinguely no centro da Basiléia.
Fonte Fasnachtsbrunnen, de Jean Tinguely no centro da Basiléia.

Esse também não é o único prédio de Mario Botta na Basiléia. O arquiteto também é o responsável pelo projeto do Banque des Règlements Internationaux (BRI), o banco de pagamentos internacionais.

Banque des Règlements Internationaux (BRI), projeto de Mario Botta.

Referências:

Museum Tinguely Architecture,  acesso em 27/09/2023.

Museum Tinguely Archiweb, acesso em 27/09/2023.