Inaugurado em 1996, o Museu Tinguely é dedicado à obra de Jean Tinguely (1925-1991), artista que se tornou bem conhecido por suas esculturas cinéticas. Ele nasceu em Fribourg, na Suíça, mas cresceu e estudou na cidade da Basiléia, onde fica o museu. Ele também viveu muitos anos em Paris, onde contribuiu com a cena artística entre os anos 1950 e 70.
A arquitetura do museu leva a assinatura de Mario Botta. Ao norte e ao leste do prédio há duas avenidas de alta velocidade. A fachada sul é voltada para o rio Reno e a oeste para o parque Solitude. O prédio serve de anteparo entre esses espaços externos, oferecendo uma proteção ao parque contra o ruído das vias expressas.
Dado o contraste entre os elementos do entorno, cada fachada tem um tratamento particular. Enquanto o prédio se fecha para o viaduto à leste, ele se abre para o parque ao oeste. O projeto tira proveito de cada uma dessas frentes, criando relações distintas com as diferentes adjacências.
O prédio pode ser acessado de diferentes maneiras. Há uma entrada voltada para o sul, de frente para o rio, que dá acesso diretamente ao restaurante. Foram colocadas mesas na área externa o que torna este um ambiente muito agradável nos meses de verão. Esse é um nível abaixo do térreo. O térreo pode ser pela entrada da fachada oeste, de frente para o parque.
Além do gramado e das fontes, o parque inclui esculturas do próprio Tinguely e de Niki Saint Phalle, artista com quem ele cooperou e também foi casado. Juntos eles fizeram a fonte Stravinsky, em Paris. Lembrando que a obra de Niki Saint Phalle já foi tema deste artigo do blog.
O caminho para a entrada é protegido por um pórtico, que oferece abrigo da chuva e sombra nos dias de sol. O grande plano de vidro que segue esse caminho permite a visualização da sala principal do museu, onde estão expostas as grandes esculturas de Tinguely. Ou seja, antes mesmo de adentrar o museu, já é possível visualizar parte da coleção. No interior, além de parte da exposição permanente, o térreo inclui também a bilheteria e a loja do museu.
O percurso expositivo se inicia com salas menores, que apresentam esculturas pequenas e uma linha do tempo da carreira de Tinguely. A exposição depois continua no subsolo em salas com projeções de vídeo, que não precisam de luz natural. O percurso termina na grande sala do térreo, onde se encontram as gigantescas esculturas que podiam ser visualizadas a partir do exterior. Esta sala tem um pé direito duplo e conta com um mezanino que proporciona um outro ponto de vista sobre as esculturas.
Há um pavimento superior onde são organizadas exposições temporárias. O acesso a essas salas é feito por uma passarela que se desprende do volume principal na fachada sul e avança em direção ao rio. O arquiteto chamava essa passarela de ‘la barca’ (o barco), uma referência ao corpo de água em frente, mas também à sua forma, que se assemelha a uma canoa. Ao atravessá-la, o visitante se sente mesmo num barco navegando sobre a água. Esse corredor com vidro de ambos os lados marca a transição entre a coleção permanente e temporária. Durante a minha visita, a exposição temporária era “Dream Machines”, Janet Cardiff e George Bures Miller, artistas que trabalham com som e possuem uma instalação na mostra permanente de inhotim.
Para conhecer um pouco mais, esse video faz uma visita pelo museu:
Além do museu e do parque, outros exemplares da obra de Tinguely podem ser encontrados na cidade, como a fonte Fasnachtsbrunnen. Construída entre 1975 e 1977, essa fonte é localizada onde era o antigo teatro da cidade. Em homenagem, os elementos da fonte se movem como se fossem atores interpretando um espetáculo sem fim.
Esse também não é o único prédio de Mario Botta na Basiléia. O arquiteto também é o responsável pelo projeto do Banque des Règlements Internationaux (BRI), o banco de pagamentos internacionais.
Referências:
Museum Tinguely Architecture, acesso em 27/09/2023.
Museum Tinguely Archiweb, acesso em 27/09/2023.