Japan House | Kengo Kuma + FGMF
01/12/2017

A Japan House, um projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma em parceria com o escritório brasileiro FGMF Arquitetos, foi aberta ao público em maio deste ano. Uma iniciativa do governo japonês para apresentar a face contemporânea do seu país, com um espaço que reúne arte, cultura e tecnologia. Além da sede no Brasil, há duas outras pelo mundo – uma em Londres e outra em Los Angeles.

O projeto não se tratava de uma nova construção, mas de uma reforma em um prédio existente.  O local possuía anteriormente o programa de uma agencia bancária, e o projeto previu modificações para adaptar o espaço ao novo uso.  Além de rasgos na laje para a circulação vertical, foram realizados reforços na estrutura para comportar o aumento do público.

Vista da Japan House a partir da Avenida Paulista

O centro cultural situa-se na Avenida Paulista.  Numa via rodeada por arranha céus, o prédio de 3 andares parece pequenino.  A Japan House, porém, se impõe através de sua fachada espetacular, revestida por réguas de madeira hinoki, um pinheiro típico do Japão.  As tábuas formam um grande portal, emoldurando a entrada do edifício.

Por trás da estrutura de madeira, avistamos uma praça de acesso – um espaço agregador e de transição – e um segundo painel de cobogós de concreto, na fachada lateral do edifício.  Ambos os revestimentos – as ripas de madeira e o cobogó – possuem uma função de brise, servindo de anteparo para a luz do sol.

Fachada de tábuas de madeira

Ao adentrar, nos encontramos direto em uma sala de exposição.  Quando visitei, estava em cartaz a exposição “Espuma”, de Kohei Nawa.  Ainda no térreo, há uma lojinha com produtos japoneses, os banheiros, um café e uma biblioteca.  No fundo, um pequeno jardim com um piso contínuo que cria uma topografia artificial.  Esse mini-jardim oferece um espaço de descanso e contemplação, rodeado pelos edifícios do entorno.

Exposição espuma de Kohei Nawa
Loja e Café
Mini-jardim interno

Do lado da recepção, o elevador e a escada nos conduzem aos demais pavimentos.  As caixas do elevador são revestidas por vidro, deixando a sua estrutura metálica aparente.  Isso permite também percorrer verticalmente o edifício sem perder o contato visual com os espaços.

Escada aberta e caixa de elevador encerrada por vidro permitem a propagação da luz natural
Jardim de bambu no último andar

No segundo andar, encontramos salas multiuso para a realização de eventos e seminários e, no terceiro andar, mais uma sala de exposição e um restaurante típico.  As amplas janelas do restaurante revelam um segundo jardim, dessa vez um jardim linear totalmente encerrado por bambus.  As plantas abafam o ruído da avenida paulista e trazem um clima de refúgio para dentro do ambiente.

O projeto é composto por uma variação de camadas opacas e transparentes, que se contrapõem constantemente. Em muitas ocasiões, é possível estar em um espaço e avistar os adjacentes. Da sala da exposição no último andar, por exemplo, é possível avistar o restaurante, a cozinha (aberta para o salão) e o jardim. Isso contribui para a dissipação da luz natural para o interior do edifício.  O vidro, por vezes, é revestido por uma chapa metálica expandida mergulhada em papel – combinando o material contemporâneo com a tradição artesanal japonesa. Esse material é empregado na divisória entre a loja e a sala de exposições no térreo, no teto da loja, na caixa de elevador e na divisória entre o restaurante e a sala de exposição.

A laje de concreto é aparente e todas as instalações são mantidas a vista.  A iluminação do espaço de exposição é em trilho, o que permite a flexibilidade para mudar de lugar para cada nova exposição.