Para o Monumenta 2011, o Grand Palais convidou o artista indiano Anish Kapoor para realizar uma intervenção em seu espaço.
A obra nada mais é do que um gigantesco balão inflado, cujas costuras atribuem-lhe uma forma particular que se adapta ao vazio do palácio. Trata-se de uma obra bastante sensorial. A impressão que temos é de estarmos voltando ao útero. Somos abraçados por este imenso vazio vermelho, quente e tranquilizante. O tom avermelhado – ao qual foi designado o termo ‘le rouge kapoor’ – remete à alma feminina, pois na Índia, o vermelho representa a mulher. Além disso, lá o vermelho é também a cor da meditação. Ela transmite uma serenidade e um sentido de sabedoria, gerando um sentimento de introspecção entre os visitantes.
A luz entra de forma difusa, filtrada pela película de PVC, trazendo o desenho da estrutura do Grand Palais para dentro do balão. A variação do sol transforma gradualmente o objeto ao longo do dia. Uma obra se adapta a luz.
A ESCALA – O SUBLIME
Num segundo momento, após a experiência do interior, saímos então para contornar a escultura. Nessa hora, deparamo-nos com a sua totalidade e adquirimos noção de sua verdadeira escala.
Esse descobrimento arrebatador gera no espectador a experiência do sublime. O reconhecimento de sua pequinez diante desse ser gigantesco a sua frente.
Aqui, percebemos também que o objeto não toca em nada a não ser o chão. Ele não está preso à estrutura do Grand Palais, como poderiamos supor quando ainda estamos em seu interior. Ele está simplesmente solto, praticamente pairando no espaço. Incontrolável, como uma criatura adormecida, capaz de se levantar a qualquer momento.