O “Chanel Mobile Art Pavilion”, assinado por Zaha Hadid, está em exposição na praça do Instituto do Mundo Árabe, um projeto de Jean Nouvel e Architecture-Studio, aqui em Paris.
Felizmente, essa não foi a primeira vez que tive a oportunidade de visitar uma exposição sobre a arquiteta iraquiana Zaha Hadid. Estive em Londres, em 2007, quando o Design Museum fez uma retrospectiva sobre sua obra, apresentando desde os seus cadernos de croquis, às suas pinturas abstratas, as maquetes em acrílico, as perspectivas dos seus principais projetos até móveis e luminárias desenhados pela própria. Uma mostra que abrangia tanto uma escala urbana quanto a do detalhe. Lembro-me que saí de lá fascinada pela imensa coerência do conjunto. A cronologia da mostra era muito bem construída – podíamos perceber a origem do seu vocabulário e a evolução do seu traço.
Acontece que Zaha virou queridinha da mídia. Seu nome se tornou praticamente uma marca de luxo, e seus prédios estão sendo reproduzidos agora por toda parte. Vemos suas torres espalhadas pelo mundo inteiro – Abu Dhabi, Marseille, Los Angeles… A exposição aqui de Paris, ao invês de contrapor a banalidade para a qual a sua obra parece convergir, intensifica-a, justificando as suas formas através de um discurso altamente superficial.

A exposição não é muito grande e você recebe um headphone na entrada pra guiar a sua breve visita. Achei irritante acompanhar a exposição com uma voz ecoando na cabeça. Te impede um pouco de pensar e dificulta o desenvolvimento de uma análise crítica…
O discurso fazia uso de termos chaves como ‘a reinvenção da tipologia da torre’, ‘abolir a fronteira entre a torre e o entorno’, ‘qualificar o espaço público através da torre’. Me pareceu falso. A arquitetura de Zaha Hadid tem uma pesquisa formal, ela trabalha nessa linha e já desenvolveu uma linguagem própria. Porque negar isso? Me pareceu mais uma tentativa de atribuir um sentido político-social a uma arquitetura que não está baseada nisso.

E quanto ao Instituto em si…belíssimo!
Nouvel faz uma alusão à arquitetura árabe através da fachada do edifício. Do lado de fora, percebemos claramente essa trama. Uma vez no interior do prédio, o desenho se perde, refletido pelos panos de vidro paralelos à fachada. Criam-se assim camadas infinitas, nas quais as formas começam a se misturar umas com as outras.



Para conhecer mais sobre esse e outros projetos de Jean Nouvel, recomendo este livro.