O Sesc 24 de Maio, um projeto assinado por Paulo Mendes da Rocha em parceria com o MMBB arquitetos, foi inaugurado em Agosto de 2017. Dois anos depois, eu tive a oportunidade de visitar o Centro Cultural e fiquei encantada. Localizado bem no Centro de São Paulo, na esquina da Rua 24 de Maio com a Rua Dom José de Barros, essa unidade do SESC fica próximo de importantes pontos turísticos da capital como o teatro municipal e a Praça da República.
O SESC ocupa a antiga sede da Mesbla. Trata-se portanto da reforma de uma estrutura existente. Em entrevista, Paulo Mendes explica que uma importante decisão do projeto era pela demolição total ou pela revitalização. Segundo o arquiteto, ele convenceu o SESC a comprar o prédio vizinho, e isso dispensou a necessidade de demolição. Nesse prédio foram alocados os serviços como sanitários, instalações de funcionários e frigoríficos.
No prédio principal, foram demolidas algumas partes do existente, sem comprometer a estrutura. A edificação original tinha um poço de ventilação interno de 14×14 metros, que foi preenchido por uma nova construção. Ao colocar quatro pilares robustos, um em cada canto desse quadrado, foi possível amparar a estrutura de novos pavimentos, além de fazer um reforço estrutural para receber o peso de uma piscina de 25 x 25 m na cobertura. Esses pilares seguem o prédio todo até a sua fundação, passando por dentro da nova sala de teatro no subsolo.
O pavimento imediatamente inferior à cobertura recebeu um bar molhado com um espelho d’água rente à fachada. É quase uma continuação da piscina do andar de cima. O mobiliário, desenhado especialmente para o local, foi feito com chapas metálicas dobradas, que oferecem durabilidade e a possibilidade de trabalhar com diferentes cores. A solução de mesas com três pontas proporciona maior estabilidade.
No térreo, foi criada uma praça para a passagem e reunião das pessoas. A praça continua em um sistema de rampas, um elemento estruturante e símbolo do projeto. O conjunto de rampas percorre praticamente o prédio inteiro. A circulação é contínua como se estivesse na cidade. “Como a Rua Augusta”, diz Paulo Mendes. A fachada que segue ao longo das rampas é revestida por uma pele de vidro e estrutura metálica.
O programa é dividido por blocos de pavimentos. O primeiro bloco inclui a administração e o restaurante. Em seguida, há o bloco cultural, onde se encontram as salas de exposições e a biblioteca. Depois, o bloco de saúde e esporte, com atendimento odontológico, quadras esportivas e salas de dança. Por fim, no topo, há o bar molhado, a piscina e os vestiários.
Aquece o coração ver espaços tão interessantes como esse, projetos de qualidade destinados ao público. Projetos como esse enriquecem a cidade e a experiência urbana. Um lugar que eu certamente frequentaria – e muito – se fosse moradora de São Paulo. Se quiser saber mais, recomendo assistir esse video do Paulo Mendes da Rocha apresentando o projeto.
