“Arte em Liberdade” Exposição de Niki Saint Phalle no Les Abattoirs | Toulouse
29/11/2022

Está em cartaz até Março de 2023 a exposição “Niki Saint Phalle, les années 1980 et 1990. L’art em liberté”, no museu de arte contemporânea Les Abattoirs, em Toulouse. A exposição traz as obras produzidas pela artista franco americana durante as duas últimas décadas de sua vida.

Niki ficou conhecida por suas esculturas de grande escala. Muitas dessas foram concebidas para o espaço urbano, como as da Fontaine Stravinsky – um projeto que ela desenvolveu em parceria com Jean Tinguely. O famoso chafariz fica ao lado do Centro Georges Pompidou, em Paris.

Fontaine Stravinsky. Fonte foto: niki-de-saint-phalle.info

Niki se interessava pela interação das pessoas com sua obra. Além das esculturas para o espaço público, ela desenvolveu também objetos para o uso cotidiano, como espelhos, joias, luminárias e móveis. São esses os objetos em destaque na exposição dos Abattoirs.

Anos 1930-60

Catherine Marie-Agnès Fal de Saint Phalle, mais conhecida como Niki Saint Phalle, nasceu na França em 1930 e se mudou para os Estados Unidos aos 3 anos de idade. Artista autodidata, ela não fez uma formação formal em escolas de arte. Em 1952 ela regressou a França para viver em Paris com o seu então marido, o escritor Harry Matthews.

Em 1953, Niki sofreu de uma depressão nervosa e foi internada em Nice. Em 1955, ela viajou a Barcelona, onde conheceu a obra de Antoni Gaudí, que se tornou uma grande influência para o seu trabalho.

Anos 1960-80

Foi ainda em meados dos anos 60 que ela criou as suas icônicas “nanas”. Ao contrário da representação clássica das musas ao longo da história da arte (nuas, passivas e distantes), as “nanas” de Niki são lúdicas e divertidas (sempre em movimento, leves, livres e vestindo roupas de banho coloridas). Aqui nos Abattoirs, o mural de entrada era uma composição de várias “nanas” em um formato inflável (foto acima).

Gradualmente, suas obras foram crescendo e tomando o espaço público, como o Golem (1972), em Jerusalém, ou o Gila (1996), em San Diego. Na foto abaixo, vemos um exemplar das “nanas” em frente ao museu Les Abattoirs.

Anos 1980 em diante

Niki tinha um sonho de construir um jardim de esculturas. Como nessa época já não era tão fácil conseguir um mecenas, ela decidiu se tornar sua própria mecenas. Ela lançou em 1982 um perfume em parceria com a Shulton e Jacqueline Cochran, um projeto que lhe rendeu um bom dinheiro. A partir daí, ela deu início à construção do seu jardim de esculturas – le Jardin de Tarots – em um terreno que lhe foi doado em Capalbio, na região da Toscana, na Itália. Ela passou anos no local acompanhando de perto a construção desse que seria o seu maior projeto, a sua catedral, o seu Parque Güell. O Jardin de Tarots foi aberto ao público em 1998 e recebe anualmente cerca de 100 mil visitantes durante os seis meses de abertura.

Após a inauguração da sua obra prima, Niki voltou a trabalhar em esculturas e objetos de pequena escala, como estes nas fotos abaixo.

Niki também foi muito engajada politicamente, atuando em campanhas de conscientização sobre a aids nos anos 80. Em parceria com o imunologista Silvio Barandun, ela lançou o livro “AIDS: You can’t catch it holding hands”. Ela também ilustrou posteres e campanhas audiovisuais com informações para combater a doença e o seu estigma.

Niki faleceu em 2002, na California, onde ela viveu os últimos anos da sua vida.