ÉPICO | Palestra de Eisenman à l’ESA (École Superieur d’Architecture)
02/06/2011

Palestra de Peter Eisenman, 20/05/2011

« Figure majeure de La déconstruction architecturale, Peter Eisenman estime que l’homme post-moderne évolue dans un univers fragmenté et incertain. Selon lui, plus rien ne justifie de placer l’humain au centre des conceptions architecturales, de conserver les idéaux classiques prônant l’unité, la hiérarchie, l’rdonnancement des élements… L’heure est venue de procéder à une «décomposition» architecturale, de déstabiliser les modèles en place.  Dans les années 1980, l’ architecte a l’occasion de participer, avec le philosophe français Jacques Derrida, au concours pour l’ aménagement du Parc de la Villette.  Tous deux imaginent le Projet Chora L Works(qui ne verra jamais le jour), un espace inspiré du concept platonicien de Chôra. »

A palestra me pareceu uma apresentação de toda uma linha de pensamento e uma metodologia projetual.  Mais do que falar sobre projetos em desenvolvimento ou discutir pequenas soluções de casos específicos, Eisenman nos apresentou toda a filosofia de sua obra.

Para chegar à sua linha de raciocínio, ele precisou voltar no tempo; falar sobre o mapa Bufalini(1551) e o mapa Nolli(1748); ele citou o filósofo Jacques Derrida, com quem trabalhou no projeto para o Parc de La Villette; discutiu os conceitos de Alberti, Vittorio Gregotti, Venturi; e chegou até a falar sobre literatura, mencionando Shakespeare e Tolstoi. Um grande exemplo de como o pensamento arquitetônico não deve se fechar, mas sim tangenciar todas as outras áreas do saber.

Mapa Bufalini de Roma (1551)
Mapa Nolli de Roma (1748)

Sobre Significado e Significante

“The undesirable relation to between sign and language.” Jacques Derrida

“A coluna não deve apenas sustentar o objeto, ela precisa mostrar que este é o seu propósito.” Leon Battista Alberti

“The time is out of joint” –  Extrato de Hamlet, do Shakesperare.  Lateness. Verb ‘to wither’.

O título da palestra assinala logo o tema principal do seu discurso: “Wither Architecture ?” Ele nos questiona: Qual seria o lugar da arquitetura?  Resposta: O tempo e o sítio.  Cada sítio possui diferentes escalas e diferentes momentos.  As escavações nos revelaram camadas de tempo sedimentadas.  O tempo se sobrepõe, e por isso o contexto deve sempre ser analisado em relação às inúmeras possibilidades de tempo e escala. A memória permanece, tal como nas ruínas romanas.  O tempo é cravado no espaço.

Para ser a frente do seu tempo (avant-guard) é preciso olhar para o passado.

“É preciso conhecer a história para distorcê-la.” Vittorio Gregotti

Em 1769, cria-se o conceito do ‘Genius Loci’ – a alma do espaço. Mais ou menos na mesma época que desenvolve-se também o conceito ‘ZeitGeist’ – espírito do tempo. Eisenman distingue o Modernismo como um fenômeno do ‘Zeitgeist’.

Após segunda guerra mundial, há um movimento de aproximação entre as artes.  A escultura muda de escala, sai do seu pedestal, torna-se ‘land art’ e ‘site specific’.  Uma tentativa de se aproximar, ou mesmo se confundir, com arquitetura.

Spiral Jetty, de Robert Smithson

E o que dizer da arquitetura atualmente.  Para Eisenman, o conceito de ‘site specific’ já não se aplica. Com essa consideração, ele começa apresentar a sua própria produção.

Memorial ao Holocausto, em Berlim (inaugurado em 2005)

Passando pelo IBA Berlim, com uma releitura da malha cartesiana para a cidade no século 20, e o memorial ao holocausto, também em Berlim, ele chega ao recém-inaugurado Centro de Cultura da Galícia, em Santiago de Compostela.  Ele se perguntou “o que levava 11 milhões de pessoas anualmente a essa cidade?”.  A resposta está na fantasia.  O próprio nome – Compostela, que significa campo de estrelas – já faz uma alusão a isso.  A ideia foi gerar a arquitetura a partir da fantasia.

Plano do Centro de Cultura da Galícia – Continuidade com o desenho das ruas da cidade
Centro cultural da galícia

 Centro de Cultura da Galícia – Alusão à fantasia, à religião e às peregrinações.

Em suas considerações finais, Eisenman ressalta como não existe arquitetura sem precedente. Não há nada de novo no mundo.  Atualmente vivemos na era da comunicação instantânea e informação em massa.  Isso tudo levou à morte da presença e, com isso, o espaço foi perdendo a sua função.  Eisenman considera que o mundo precisa dar uma acalmada, que as pessoas hoje mal param pra ler um livro grande. Ele resolveu se lançar esse desafio e está agora relendo ‘Guerra e Paz’. Eisenman disse também que no curso de teoria que ele ensina, ele não aceita desenhos. Ele dá uma lista enorme de livros para os alunos lerem e é só isso que cai na prova. Quem não lê, não passa.

E quanto à crise econômica, que paralisou o mercado por aqui, ele diz apenas que essas crises não duram para sempre.  Diz que ele mesmo abriu o seu escritório num momento de crise. No entanto, se você não pensar no futuro, você viverá sempre em crise.

“Do not make small projects.  They do not stir man’s blood” Peter Eisenman