O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) recebe atualmente a exposição “Plug-in”, que reúne instalações, esculturas e desenhos da artista portuguesa Joana Vasconcelos. A mostra está distribuída pelos dois prédios da instituição – o MAAT Central (antigo museu da eletricidade) e o MAAT Gallery (prédio projetado pelo escritório da arquiteta Amanda Levete).
Joana Vasconcelos nasceu em 1971, em Paris, e regressou ainda criança à Portugal. Sua primeira exposição foi em 1993. Em seus mais de 30 anos de carreira, a artista se tornou bem conhecida por suas esculturas de escala monumental. Ela trabalha com bordado, colocando em evidência o estilo e o saber do artesanato português. Ela foi a primeira mulher e mais jovem artista a expor no Palácio de Versalhes, em 2012. Sua exposição bateu recordes atraindo 1,6 milhão de visitantes e foi considerada a exposição mais visitada em 50 anos na França.
Entre Abril e Setembro de 2023, sua escultura “Árvore da Vida” foi apresentada na Sainte-Chapelle de Vincennes, em Paris. Trata-se de uma obra site-specific, concebida especialmente para o local. A artista buscou inspiração na história de Catarina de Médicis, viúva de Henrique II, que, após a sua morte, acompanhou a finalização da capela e ordenou o plantio de três mil árvores no bosque de Vincennes. Essa escultura de 13 metros de altura conta com cerca de 140 mil folhas bordadas a mão e foi criada no contexto da Temporada Cruzada Portugal-França.
Para a exposição Plug-in, a árvore foi adaptada para instalação no grande salão do MAAT Central.
Ainda no mesmo prédio, em uma pequena sala adjacente, estão expostos alguns desenhos da artista.
Na área externa, avistamos a escultura “I’ll Be Your Mirror (2019)”, composta por 510 espelhos sobrepostos. Apresentada anteriormente no Museu Guggenheim de Bilbau, a peça faz referência às máscaras venezianas e alude ao papel dos artistas na sociedade. O título é inspirado por uma música de Lou Reed.
Muitos dos trabalhos de Joana trazem um tom de humor ou ironia, como é o caso da escultura “Solitário”. Trata-se de um anel gigante, símbolo do casamento e do status social, composto por calotas de carros pintadas de dourado e 1450 copos de whisky em cristal. Instalado em frente ao MAAT Gallery, “Solitário” levanta reflexões sobre temas como desejo, poder e os papeis do masculino e do feminino na sociedade.
Na Galeria Oval do MAAT Gallery, temos a instalação “Valkyrie Octopus” criada, em 2015 para o resort MGM Macau.
Para finalizar, a última sala traz três peças. A primeira delas é “War Games” (2011), um carro completamente revestido por armas com o seu interior preenchido por bichos de pelúcia. Há um contraste entre a violência inerente das espingardas e o aspecto lúdico dos brinquedos.
“Drag Race” (2023) também traz um carro, porém desta vez coberto por ornamentos dourados e plumas, se assemelhando a uma carruagem barroca.
A última peça é “Strangers in the night” (2000), que traz uma cabine com um assento revestido por um estofado botonê branco envolto por uma grelha metálica, na qual foram presos faróis que ficam piscando ao som da música de Frank Sinatra. Vale ressaltar que Joana foi a primeira artista a vencer o Prémio Novos Artistas Fundação EDP, em 2000. “Strangers in the night” integrou a exposição “Medley”, sua primeira retrospectiva após receber o prêmio.
Plug-In, no MAAT, segue aberta à visitação até 8 de Abril 2024.
Caso queira saber mais sobre a artista, sua obra já foi assunto aqui no blog em duas outras ocasiões: Neste artigo sobre a ocupação do Hospital Matarazzo, em São Paulo, e neste sobre a exposição Genius Loci, que aconteceu em Veneza, paralelamente à bienal de arquitetura. Ambas as exposições datam do ano de 2014.
