A Ópera de Sydney | Jorn Utzon
06/04/2015

Conhecida como um dos cartões postais mais famosos do mundo, a ópera de Sydney permanece um dos grandes ícones da arquitetura mundial, despertando fascínio em visitantes provenientes do mundo inteiro.

Projetada pelo arquiteto dinamarquês Jorn Utzon, a ópera foi objeto de um concurso realizado em 1956, um ano marcante para a Austrália; Melbourne sediava os Jogos Olímpicos e Sydney, para não ficar pra trás, lançou em fevereiro do mesmo ano o concurso para o que viria a ser o maior símbolo da arquitetura do país – a ópera de Sydney.  O concurso, aberto a escritórios do mundo todo, contava com importantes membros no júri (entre eles, o arquiteto finlandês Eero Saarinen). Dividido em etapas, o concurso durou praticamente o ano inteiro, sendo o resultado divulgado somente em Dezembro.

A localização proposta para o projeto foi a península de Bennelong Point, ponto privilegiado que avança sobre a baía.  O programa estabelecia a necessidade de duas salas de espetáculo – uma sala de concertos e uma para ópera e ballet. Foram no total 233 propostas, dentre as quais a de Utzon se sobressaiu. Enquanto as demais recorriam a soluções ortogonais e colocavam uma sala em frente à outra, consequentemente privilegiando uma sobre a outra, a proposta de Utzon colocava as duas salas lado a lado.  Sua composição esguia permitia que ambas desfrutassem da vista sobre a baía e, simultaneamente, sobre a cidade.

Aberturas para a cidade…
…e para a Baía. O edifício desfruta da vista para os dois lados

Utzon relatou que a natureza foi a sua principal fonte de inspiração. Para o arquiteto, a obra deveria estar integrada à paisagem do entorno. Essa integração é tão notável que suas formas abstratas dão margem a diferentes interpretações: alguns veem o projeto como velas de barcos, outros como a espuma das ondas que batem na costa mas, para Utzon, a ópera é uma nuvem sobre o mar.

Objeto camuflado na paisagem

A pele do edifício também faz alusão a formas da natureza. O acabamento branco e polido dos painéis cerâmicos curvos se assemelha a escamas de peixes.  Um branco que permite que o objeto se camufle no horizonte num dia nublado, ou aparente ser mais uma nuvem no céu em dias de sol. É importante ressaltar, entretanto, que a inspiração em formas orgânicas não significa imprecisão. Pelo contrário.  As suas superfícies curvas seguem todas a mesma curvatura de uma esfera com raio de 72m.

Materialidade da pele se assemelha a escamas de peixe

A solução estrutural foi um grande desafio para este projeto.  A forma predomina sobre a função e o uso se adapta à morfologia do objeto. Com isso, há uma clara divisão de propósitos: o exterior atrai enquanto o interior funciona. No lado de dentro, o branco reluzente é substituído pela crueza do concreto armado, revelando a estrutura que sustenta as impressionantes abóbodas (são 10 no total). A beleza do detalhe da estrutura nos dá uma ideia do quanto o processo de construção deve ter sido delicado.

Dentro/Fora 
Leque de Concreto

A ópera levou 17 anos para ser construída. Devido a sua solução estrutural inovadora, o valor da construção estourou (e muito) o orçamento estimado: o custo inicial estimado era de 7 milhões e acabou custando em torno de 102 milhões. A estrutura demorou a ser resolvida e a sua construção exigiu a importação de gruas e materiais, a maioria destes vindos da França.

Composição Ritmada
Estrutura Mista – Vigas metálicas

O final da história dessa construção é bastante triste pois o arquiteto nunca chegou a ver a sua obra pronta.  Em 1966, com mudanças no governo, o projeto sofreu restrições.  Disseram a Utzon que ele deveria trabalhar em parceria com um escritório local mas ele não aceitou e logo saiu do projeto.  Houve até protestos nas ruas pedindo o seu retorno mas o arquiteto foi embora e nunca mais voltou para ver o seu projeto concluído. Grande parte do detalhamento foi finalizado pelo escritório local então muitos detalhes do interior não correspondem ao projeto original de Utzon.

Café no Espaço Comum
Corredores de acesso à sala de concertos

Espaço para evento atrás da sala de concertos

Desde a sua inauguração, o prédio encanta e desperta curiosidade internacional. Não é de se admirar que os tours para conhecer o seu interior estão sempre cheios e devem ser reservados com alguns dias de antecedência. Aos que se interessarem pela visita quando estiverem por lá, vocês encontram mais informações sobre o tour pelo site: http://www.sydneyoperahouse.com/Visit/tours.aspx

Para mais dicas de viagem da Austrália, sugiro conferir esse guia.